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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

As curvas da estrada de Santos



Desde que me conheço por gente vejo minha mãe suspirar por um único e eterno rei. Lembro que, ainda muito pequena, não entendia direito e morria de ciúmes. Era um misto daquela ciumeira de filha, com uma revolta, ao ver que papai não tomava uma atitude, perante essa paixonite aguda da mamãe. A lembrança mais remota que tenho, deve ser lá dos meus 4 anos, quando estávamos numa loja escolhendo discos (isso mesmo, os LP’s) e tinha um do Roberto em exposição. Mamãe dizia que era o namorado dela. Eu, nem pensava duas vezes, com as bochechas vermelhas de tão brava, logo retrucava: “teu namorado é o papai.” Minha mãe se divertia, meu pai ria e todos adultos achavam graça, o que me irritava mais ainda. Na minha cabeça aquele homem era rival do meu pai, algo perigoso, que me deixava em alerta. Tinha medo que minha mãe fugisse pra ficar com ele. Quanta imaginação... Ai ai ai, crianças... hauhauhauhaua

Não lembro se meu pai também tinha desses amores platônico, por algum ídolo. Não lembro mesmo... O que sei foi que custei muito a entender o que significa admirar uma pessoa assim. Só depois de madura percebi aquele amor e quando dei por mim, assim como mamãe, era mais uma súdita do rei Roberto Carlos. Lembro que teve uma vez que meus pais foram viajar. Eu e minha mana ficamos na casa da vovó. Foram pra São Paulo, no litoral, pra Santos. Parece que foi ontem, pois é tão nítido a lembrança do retorno, em que mamãe voltou tão feliz, tão bonita. Não esqueço daquele dia. Claro que na época eu não entendi nada e também nem importava. A saudade era tanta, que só dela estar em casa já era minha maior felicidade. Eu já estava mocinha, quando assimilei o significado daquela viagem. Meu pai tinha planejado tudinho, como uma segunda lua de mel. Que teve início nas curvas de Santos, embaladas ao som do Roberto, numa fita K7, no velho e bom Corcel. Minha mãe conta que foi uma semana de sonho, algo inesquecível. Sempre com os olhos marejados, saudade...

Outra coisa marcante, foram os dias de Show, quando ele se apresentava aqui em Porto Alegre. Papai sempre comprava cadeira pros dois e minha mãe, feito criança, esperava ansiosa, contando as horas. Mais uma vez, vovó ficava conosco e quando voltavam, minha mãe era só sorriso, de orelha a orelha. Passei minha vida inteira embalada por canções como: Detalhes, Outra vez, Como vai você e assim por diante. Sem sombra de dúvidas foi da mamãe que puxei o lado mais sentimental, romântico. Aqui o emocional sempre comanda. E foi assim, em 92, quando eu tinha 12 anos, que assisti pela primeira vez Roberto cantando ao vivo. Não tem explicação, não da pra descrever aqui o que é aquele homem cantando o amor. Arrepia até a alma da gente. Olha, está certo que ninguém é obrigado a compartilhar comigo os mesmos gostos, mas quando escuto gente idiota, falando que ele canta pras domésticas, só lamento. Pois duvido que alguém ficasse imune, vendo aquele ser franzino, mas que vira um gigante, cantando as verdades dele, as verdade que todos possuímos, como seres humanos. Por que não tem verdade maior do que o amor, não é?

A troco de que desembestei a escrever sobre isso? Por que já faz muitos anos, que todo dia 25 é sagrado, estejamos onde for, eu e mamãe sempre assistimos o especial de fim de ano. E ontem não foi diferente. E mais uma vez, aquelas minhas velhas conhecidas canções me emocionaram. Trazem tantas lembranças, uma saudade enorme e uma paz de espírito. Sabe porque? Por que eu acredito no amor, seja como for, amor entre as pessoas. Acredito naquelas letras, que pra mim são recebidas como lições de vida. Gosto de tudo que seja verdadeiro, que toque meu coração. E acima de tudo, fico feliz em dividir isso com mamãe. Hoje damos risadas juntas, lembrando daquela menina bobinha, que detestava aquele “tio” da televisão, por quem a mãe sempre chorava. É! Nada como o tempo mesmo. Lágrimas compartilhadas, emoção em família e ao fundo: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.” E a vida segue...


É! Tem sempre um ou outro pra falar, né? Mas quando essas mesmas músicas, cantadas por outros artistas como: Jota Quest, Skank, Capital Inicial, etc; aí é POP, não é mais cafona, nem brega... Ô povo que gosta de se enganar mesmo. Quer ver uma coisa? Minha mana continua não gostando. Acha o “ó do borogodó”, diz que chorar assistindo especial de fim de ano é “fim de carreira”. Ninguém é perfeito... hauhauhauahuahuahuahuahua


Esse texto vai para minha mãe, com amor.

Caroline


Um comentário:

Núbia disse...

Oi moça, eu também gosto das músicas do Roberto, principalmente as da década de 70 e 80, essas mais novas não acho muita graça... rsrsrs

Mas ei, cadê tu hein? Queria contar uma novidade. Aparece tá?
Gosto de tu visse?
Beijo!

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