quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Encerrando Ciclos - Sonia Hurtado
“Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o
sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao
ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam
ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir
recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar
os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes
ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que
reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos,
promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que
sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.”
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
O Amor Desprendido - S. Taniguchi
“Muito difícil amar desapegadamente, sem esperar retorno”.
É muito nobre amar alguém. Amando, nos elevamos e tornamos outra pessoa feliz.
No entanto, se nosso amor for acompanhado do apego, ele nos fará sofrer.
O apego faz-nos tolher o outro, desejando submetê-lo à nossa vontade.
Se amarrarmos, ainda que mentalmente, a outra pessoa, desejando que ela seja do jeito que queremos, ela acabará nos “escapando”.
Ainda que não nos “escape” literalmente, ela poderá começar a nos evitar, a sair ou a voltar tarde, porque em casa não se sente a vontade.
A pessoa que possui amor-apego, não consegue receber a outra pessoa com alegria espontânea, sem restrições.
Mas aquela que possui o amor-desprendido, recebe a outra pessoa sempre carinhosamente, alegremente, com felicidade.
A pessoa que nutre o amor-apego, sente-se insegura, angustiada, insatisfeita e permanentemente receosa de perder a outra pessoa.
É por isso que é tão importante deixarmos o sentimento de apego.
Isto não significa tornarmo-nos indiferentes. Significa ter o amor que doa, o amor desprendido, o que é muito diferente.
É muito difícil amar desapegadamente, sem esperar retorno. Levamos, às vezes, a vida inteira para aprender o que é o amor sublime.
Você vê uma borboleta e a toma em suas mãos. Você vê sua beleza e a coloca em seu coração. Desejando mantê-la consigo, você fecha as mãos em torno dela, com receio de que voe e se vá. Com grande alegria você pensa:
“AGORA POSSO TÊ-LA PARA SEMPRE…”
Logo a alegria se vai, pois a beleza da borboleta já não é mais a mesma. Parte de sua beleza era a sua liberdade. A borboleta sente-se traída, alguma coisa cruel afastou-a de sua liberdade. Em pânico, ela se debate para libertar-se, apenas fazendo você apertá-la mais forte. Percebendo como a borboleta deve estar se sentindo você abre suas mãos. Mesmo sendo custoso, difícil, você deixa ela ir. Enfim, consegue entender o significado da palavra AMOR. Ela voa novamente para longe, agradecida por sentir-se livre outra vez. Você, então, pensa em palavras que há muito havia esquecido:
“SE VOCÊ AMA ALGUMA COISA, DEIXE-A LIVRE...”
Portanto, não se desespere pelo fato de haver apego em sua mente.
Não deve porém, resignar-se com isso.
Sonhos x MEME
Engraçado, como os sonhos se modificam conforme o tempo passa, nos obrigando a encarar a vida com “olhos de gente grande”. Parei aqui, pra pensar, quais daqueles sonhos de criança ainda estavam por aqui, quais sobreviveram ao tempo. Quando eu era pequena, lembro como se fosse hoje, sonhar era como construir com aqueles joguinhos de blocos de madeira, peça sobre peça, esperando pra ver o que formaria no final. Se a uns 20 anos atrás me fizessem essa pergunta: quais são seus sonhos? Era bem provável que teria uma boa lista, na ponta da língua.
Sonhava em ter uma casa, com um pátio bem grande, pros filhos brincarem... Sim! Ser mãe sempre fez parte dos meus sonhos. Sabia até os nomes que daria, pra um menino e uma menina. Ele seria mais velho. Imaginava os dois maiorzinhos, na escola. Seriam unidos, companheiros, amigos; como sempre fui com a minha mana. Pra isso, sonhava em casar na igreja, vestido branco, bolo com noivos, mamãe chorando. Naquela época, assim como hoje, não tinha um tipo pré- estabelecido, não ficava idealizando um tipo físico, nada disso. O meu marido só teria que ser o melhor pai do mundo. Alguém, que assim como eu, tenha essa vontade de formar uma família.
Nunca sonhei em ser rica, ter essas coisas mais caras, casas luxuosas, com piscina, carrão, morar em NY, passar as férias na Europa, ter um Mc Donalds no quintal, etc e tal. A felicidade está dentro da gente e não nos lugares em que podemos ir. Não vale rir, mas sonhava com uma casinha no campo, uma horta pra cuidar, um balanço numa sombra de árvore, muitos bichinhos. Exatamente isso. Desde que conheço por gente sonho em ser professora. Nas minhas brincadeiras, minha mana era minha aluna. Ficava realizada, riscando naquele quadro- negro, enchendo de pó de giz o tapete do nosso quarto. Quando minha irmã se rebelava, por que não estava muito a fim, pegava as bonecas, alguns ursinhos e esquecia da vida, na minha sala de aula.
Jamais sonhei ser bailarina. Detestava o rosa bebê e aquelas músicas, tipo caixinha de jóia da vovó. Quando pequena, sonhava em ser astronauta. O que mais queria era flutuar no espaço, igual via nos filmes. Tem uma cena que me marcou tanto, lembro até hoje: a nave espacial estava em órbita e um carinha observa a terra. Coisa mais linda do mundo, aquela visão do planeta azul, um sonho...
Não lembro, de nem um dia se quer, ter sonhado ser atriz, cantora, modelo, apresentadora ou a próxima mulher fruta... hehehe (brincadeira)
Meu sonho era desvendar a fórmula ultra secreta da Coca- Cola. Naquela época não tinha essa quantidade de genéricos. A única rival era a Pepsi. Coisa que até hoje não mudou, sigo preferindo uma coca geladinha. Na onda das fórmulas secretas, sonhava em descobrir também a do Chandelle. No tempo que era criança, ainda não tinham essas receitas, que hoje em dia até já fiz e fica igualzinho... Uma tentação.
Sonhava em ir até o RJ, conhecer a Xuxa e mostrar meus dotes para ser uma paquita. Então, aproveitando o embalo desse sonho, pegava uma ponte aérea, pra SP, só pra ver de pertinho o palhaço Bozo, que marcou minha infância. Vovó Mafalda, Papai Papudo e várias ligações interurbanas, tentando participar do programa. auhauhauhauahua
Sonhava chegar logo aos 15. Ficar mocinha, igual minhas primas. Poder usar batom vermelho, pintar as unhas e fazer o que bem quisesse. Doce sonho, heim?
Poderia ficar aqui, por horas e horas, recordando aqueles sonhos infantis, de um tempo que já parece tão distante. E sabe de uma coisa? Alguns sonhos continuam iguais, apenas ficaram em algum cantinho do coração, esperando acontecer. Outros, já foram realizados. Trouxeram aquela felicidade impagável, aquela sensação plena da conquista e realização. Poucos pereceram com o tempo... Sei lá! Hoje parecem tão... tão bobinhos. Vai ver é por que cresci mesmo, não houve outro jeito. E por fim, tantos outros virão, pois sonhar é viver. É contar com dias melhores. É ter pelo que batalhar. É a busca pelas cerejas da vida, seja elas quais forem.
SONHE!!
Caroline
terça-feira, 25 de novembro de 2008
A SERPENTE E O VAGA-LUME - Maísa Intelisano
Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vaga-lume. Este fugia rápido, com medo da feroz predadora e a serpente nem pensava em desistir.
Fugiu um dia e ela não desistia. Dois dias, e nada...
No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:
- Posso lhe fazer três perguntas?
- Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, podes perguntar...
- Pertenço a tua cadeia alimentar?
- Não.
- Eu te fiz algum mal?
- Não.
- Então, por que você queres acabar comigo?
- Porque não suporto ver-te brilhar...
- Autor Desconhecido -
* * *
A fábula vale pela reflexão. É bem triste constatar que ainda existam pessoas como a serpente desta história... O ideal seria que soubéssemos ajudar os outros a brilhar para que, assim, o nosso próprio brilho pudesse aumentar e servir de farol para outros tantos que ainda precisam de uma "estrela guia" à frente para saber o caminho a seguir.
Somos tão cegos em nosso orgulho e egoísmo que não percebemos que, ao invejar o brilho do outro, tentando impedi-lo de emitir sua luz, embotamos nosso próprio brilho, escondendo a nossa luz sob as trevas de nosso próprio ego. Não percebemos que também brilhamos, que em nós há a mesma luz e que só depende de nós fazê-la brilhar mais e mais longe e com mais intensidade, na medida em que colocamos o nosso brilho à disposição dos outros. Não entendemos que o nosso crescimento espiritual é diretamente proporcional ao crescimento espiritual dos que estão à nossa volta e que para crescermos é necessário que tudo o que está a nossa volta também cresça.
E o cúmulo da nossa ignorância é que não nos damos conta de que, por mais que a nossa luz seja abafada, por mais que nós a sabotemos com sentimentos pequenos, mesquinhos e egoístas, ela nunca deixa de brilhar. Deus não permite que ela se apague por completo, porque sabe que, mais cedo ou mais tarde, nós vamos despertar desse torpor doentio e vamos precisar dessa pequena faísca para saber por onde recomeçar.
Apesar de sermos nós os necessitados, é Deus que jamais perde a fé e a esperança em nós. Ele permanece sempre acreditando no nosso potencial, na nossa capacidade de vencer e no nosso discernimento para escolher o que é certo. Ele sabe que nada pode sobrepor-se à nossa natureza divina e espera incansavelmente pelo nosso despertar. Ele nunca nos abandona, muito embora nós mesmos, às vezes, façamos questão de virar-lhe as costas para reclamar e nos revoltar por achar que Ele nunca está por perto quando precisamos dEle.
Como crianças mimadas, não percebemos que Ele está sempre ali, no mesmo lugar, à mesma distância, bastando que nós mesmos nos viremos para nos aquecermos ao sol do seu amor infinito, evitando as sombras do nosso orgulho e o frio do nosso egoísmo.
O brilho de cada um é uma faísca do próprio brilho de Deus em suas criaturas. Cada vez que tentamos apagar o brilho de alguém, é contra o brilho de Deus que agimos. Cada vez que impedimos alguém de crescer, é contra a força de Deus em nós que agimos. Cada vez que sabotamos a felicidade de alguém, é a nossa própria felicidade que sabotamos, já que a fonte de toda a felicidade é uma só: o AMOR universal, DEUS.
Cada vez que deixamos a nossa serpente interna engolir o vaga-lume do próximo, é um farol a menos de que dispomos para iluminar a nossa estrada. Quando, na verdade, deveríamos sempre nos lembrar que, por menor que seja a luz do próximo, ela sempre poderá nos servir ao menos como a pequena chama bruxuleante que acende outra vela antes de se apagar.
Fugiu um dia e ela não desistia. Dois dias, e nada...
No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:
- Posso lhe fazer três perguntas?
- Não costumo abrir esse precedente para ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, podes perguntar...
- Pertenço a tua cadeia alimentar?
- Não.
- Eu te fiz algum mal?
- Não.
- Então, por que você queres acabar comigo?
- Porque não suporto ver-te brilhar...
- Autor Desconhecido -
* * *
A fábula vale pela reflexão. É bem triste constatar que ainda existam pessoas como a serpente desta história... O ideal seria que soubéssemos ajudar os outros a brilhar para que, assim, o nosso próprio brilho pudesse aumentar e servir de farol para outros tantos que ainda precisam de uma "estrela guia" à frente para saber o caminho a seguir.
Somos tão cegos em nosso orgulho e egoísmo que não percebemos que, ao invejar o brilho do outro, tentando impedi-lo de emitir sua luz, embotamos nosso próprio brilho, escondendo a nossa luz sob as trevas de nosso próprio ego. Não percebemos que também brilhamos, que em nós há a mesma luz e que só depende de nós fazê-la brilhar mais e mais longe e com mais intensidade, na medida em que colocamos o nosso brilho à disposição dos outros. Não entendemos que o nosso crescimento espiritual é diretamente proporcional ao crescimento espiritual dos que estão à nossa volta e que para crescermos é necessário que tudo o que está a nossa volta também cresça.
E o cúmulo da nossa ignorância é que não nos damos conta de que, por mais que a nossa luz seja abafada, por mais que nós a sabotemos com sentimentos pequenos, mesquinhos e egoístas, ela nunca deixa de brilhar. Deus não permite que ela se apague por completo, porque sabe que, mais cedo ou mais tarde, nós vamos despertar desse torpor doentio e vamos precisar dessa pequena faísca para saber por onde recomeçar.
Apesar de sermos nós os necessitados, é Deus que jamais perde a fé e a esperança em nós. Ele permanece sempre acreditando no nosso potencial, na nossa capacidade de vencer e no nosso discernimento para escolher o que é certo. Ele sabe que nada pode sobrepor-se à nossa natureza divina e espera incansavelmente pelo nosso despertar. Ele nunca nos abandona, muito embora nós mesmos, às vezes, façamos questão de virar-lhe as costas para reclamar e nos revoltar por achar que Ele nunca está por perto quando precisamos dEle.
Como crianças mimadas, não percebemos que Ele está sempre ali, no mesmo lugar, à mesma distância, bastando que nós mesmos nos viremos para nos aquecermos ao sol do seu amor infinito, evitando as sombras do nosso orgulho e o frio do nosso egoísmo.
O brilho de cada um é uma faísca do próprio brilho de Deus em suas criaturas. Cada vez que tentamos apagar o brilho de alguém, é contra o brilho de Deus que agimos. Cada vez que impedimos alguém de crescer, é contra a força de Deus em nós que agimos. Cada vez que sabotamos a felicidade de alguém, é a nossa própria felicidade que sabotamos, já que a fonte de toda a felicidade é uma só: o AMOR universal, DEUS.
Cada vez que deixamos a nossa serpente interna engolir o vaga-lume do próximo, é um farol a menos de que dispomos para iluminar a nossa estrada. Quando, na verdade, deveríamos sempre nos lembrar que, por menor que seja a luz do próximo, ela sempre poderá nos servir ao menos como a pequena chama bruxuleante que acende outra vela antes de se apagar.
Todo casal deveria ler - Arthur da Távola
Aos casados há muito tempo
aos que não casaram, aos que vão casar,
aos que acabaram de casar,
aos que pensam em se separar,
…aos que acabaram de se separar,
aos que pensam em voltar…
Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado
uma ótima posição no ranking das virtudes,
o amor ainda lidera com folga.
Tudo o que todos querem é amar.
Encontrar alguém que faça bater forte o coração
e justifique loucuras.
Que nos faça entrar em transe, cair de quatro,
babar na gravata.
Que nos faça revirar os olhos, rir à toa,
cantarolar dentro de um ônibus lotado.
Tem algum médico aí???
Depois que acaba esta paixão retumbante,
sobra o que?
O amor.
Mas não o amor mistificado,
que muitos julgam ter o poder de fazer levitar.
O que sobra é o amor que todos conhecemos,
o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho.
É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo.
Não existem vários tipos de amor,
assim como não existem três tipos de saudades,
quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O amor é único, como qualquer sentimento,
seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido
e mulher não há laços de sangue,
a sedução tem que ser ininterrupta.
Por não haver nenhuma garantia de durabilidade,
qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza,
e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar
uma relação que poderia ser eterna.
Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá.
Lindo, mas insustentável.
O sucesso de um casamento
exige mais do que declarações românticas.
Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto,
tem que haver muito mais do que amor,
e às vezes nem necessita de um amor tão intenso.
É preciso que haja, antes de mais nada, respeito.
Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios.
Alguma paciência… Amor, só, não basta.
Não pode haver competição. Nem comparações.
Tem que ter jogo de cintura para acatar regras
que não foram previamente combinadas.
Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos,
acessos de carência, infantilidades.
Tem que saber levar. Amar, só, é pouco.
Tem que haver inteligência.
Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais,
rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar.
Tem que ter disciplina para educar filhos,
dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra.
Não adianta, apenas, amar.
Entre casais que se unem visando à longevidade do matrimônio
tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância,
vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança.
Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu,
fazer de conta que não escutou.
É preciso entender que união não significa,
necessariamente, fusão.
E que amar, ’sozinho’, não basta.
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia,
falta discernimento, pé no chão, racionalidade.
Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre,
mas que sozinho não dá conta do recado.
O amor é grande mas não é dois.
É preciso convocar uma turma de sentimentos
para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.
Um bom amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Ao tempo, o tempo - Silvia Schmidt
Se o teu lugar agora parece-te frio e sem atrativos,
se não há ninguém agora que te inspire a falar ou a ouvir,
se o vento lá fora parece não soprar a teu favor,
se nenhuma palavra consegue agora tocar o teu coração,
se não sentes vontade de nada, se queres simplesmente fazer nada,
se as coisas da Terra parecem-te opacas e sem graça,
se as coisas do Céu agora parecem-te mentiras, histórias inventadas,
se teu corpo não quer exercícios, não quer esforços,
só quer espreguiçar-se,
se agora nada desperta a tua vontade de crescer, de ir adiante,
de abraçar aventuras, desafios, novas metas, sonhos ...
se para tuas perguntas não chegam respostas,
se olhas o relógio como a um inimigo cobrador,
DÁ UM TEMPO ...
O mar não espera pelo rio, no entanto o rio chega.
As árvores não anseiam por novas folhas,
no entanto elas brotam.
As flores não imploram por chuvas,
mas as chuvas - cedo ou tarde - caem.
Os pássaros não se preocupam com o céu,
entretanto o céu lá está.
O dia não guarda ansiedade pelo descanso
da noite e ainda assim ela chega.
A noite não se abala com a própria escuridão,
repousando na certeza de que o dia virá.
A semente precisa do escuro da terra para
abrir-se à luz na hora mais acertada.
Deus não apressa as sementes:
Ele as conhece e respeita-lhes o tempo.
Se neste momento és semente, sossega,
respeita-te ... e dá um tempo.
Dia de Faxina - Rosy Beltrão
Estava precisando fazer uma faxina em mim…
e fiz: abrindo o armário.
Assim como jogar alguns pensamentos
indesejados fora, lavar algumas essências
que andam meio que enferrujadas,
pois já não brilhavam.
Tirei do fundo das gavetas lembranças
que não uso e não quero mais.
Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões.
Papéis de presente que nunca usei,
sorrisos que nunca darei,
joguei fora a raiva e o rancor
das flores murchas que estavam
dentro de um livro que não li.
Olhei para meus sorrisos futuros
e minhas alegrias pretendidas,
e as coloquei num cantinho ,
bem arrumadinhas.
Fiquei sem paciência,
tirei tudo de dentro do armário
e fui jogando no chão:
paixões escondidas,
desejos reprimidos,
palavras horríveis que nunca queria ter dito,
mágoas de um amigo,
lembranças de um dia triste,
mas havia lá, outras coisas e belas!!!
Um passarinho cantando na minha janela…
aquela lua cor de prata que vi na praia,
o por do sol nas montanhas…
Fui me encantando e me distraindo;
olhando para cada uma daquelas lembranças.
Sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas.
Joguei direto no saco de lixo
os restos de um amor que me magoou.
Peguei as palavras de raiva e de dor
que estavam na prateleira de cima,
pois quase não as uso,
também joguei fora no mesmo instante!
Outras coisas que ainda me magoam,
coloquei num canto para depois
ver o que faria com elas.
Se as esquecia lá mesmo
ou se mandava para o lixão.
Aí, fui naquele cantinho, bem naquela gaveta
que a gente guarda tudo o que é mais importante:
o amor, a alegria, os sorrisos,
um dedinho de fé para os momentos
que mais precisamos,
e sabe o que descobri ?
Que tinha um jóia lá, toda embrulhadinha,
tão rara e preciosa,
talvez o maior bem que possua.
Eu não a usava há muito tempo.
Nem sabia que a tinha mais,
tinha me esquecido.
Mas, ela estava lá
e quando eu a olhei,
ela brilhou para mim,
como sempre o fizera;
Peguei-a entre os dedos e fiquei apreciando.
Assim, embevecida e encantada.
Cuidei dela com muito carinho,
despejei meu amor por entre suas frestas
e não deixei de usá-la mais.
Agora mesmo eu a estou usando
para falar com você.
Pode saber o que é?
Sim, amigo, é minha arte de escrever.
De brincar com o teclado e com o jogo
de letras que se fazem visíveis no
meu pensamento mesmo antes dos dedos
tocarem o teclado, mas, que às vezes,
parece que são mais rápidos
que do que ele e posso me divertir mais assim.
E com uma simples frase,
escrever uma história inteira.
Em dia de faxina,
sempre fica tudo uma bagunça incrível,
desorganizamos tudo,
para colocar em ordem depois
mas, melhor é desorganizar a ordem.
porque fica tudo certinho.
Bem, assim …mais fácil para mim.
Recolhi com carinho o amor encontrado,
dobrei direitinho os desejos,
coloquei perfume na esperança,
passei um paninho na prateleira das minhas meta, deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.
Coloquei nas prateleiras de baixo
algumas lembranças da infância,
na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurado bem à minha frente,
coloquei o meu amor,
pois eu o uso a todo instante,
mantenho-o sob meu olhar de paixão incontida, banho-o todos os dias com ternura,
dou-lhe atenção de menina,
durmo com ele, bem juntinho, ao meu lado, e encho-o de beijinhos
E ele? Bem, … ele retribui.
domingo, 23 de novembro de 2008
Recomeçar - Carlos Drummond de Andrade
Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…
Olha quanto desafio…
quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.
Está se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…
hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar?
ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida…
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos…
se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens…
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados…
jogue tudo fora… mas principalmente…
esvazie seu coração… fique pronto para a vida…
para um novo amor…
Lembre-se somos apaixonáveis…
somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes…
afinal de contas…
Nós somos o “Amor”…
“ Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”
Amigos queridos
Aproveitando o espírito natalino e uma quantidade enorme de trabalhos que terei daqui pra frente, com o encerramento do ano letivo, achei uma solução, para não deixar este pedacinho de mim em aberto. Estava dando uma olhada em emails antigos e encontrei muitas mensagens bonitas, importantes de serem relembradas, principalmente nessa época do ano, onde o povo parece estar de coração aberto, as vezes esperando apenas uma palavra de encorajamento, de apoio.
A grande maioria já deve conhece- las, faz um certo tempinho que circulam pela internet. Mas sempre terá aquele alguém, aquela pessoa que se identificará. As palavras tem um poder mágico. Uma palavra pode libertar, alegrar, fazer viver, aliviar, rir, incentivar e amar, e assim tantas coisas mais. Não estou dizendo que palavras escritas nesses textos possam mudar uma vida. Porém, espero de coração, que aquele que precise, possa vir a acreditar nelas.
Afinal, a melhor mensagem de natal é aquela que sai de nossos corações e aquece, com ternura, os corações daqueles que nos acompanham.
Caroline
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Dia da Consciência Negra
Racismo no Brasil é, no mínimo, uma burrice.
Quem somos nós?
Que povo é este, que ignora as próprias origens?
Qual é o antepassado do “verdadeiro brasileiro”?
O BRANCO NASCEU NA ÁFRICA NEGRA.
Ter o dia em que se comemora a inserção do negro na sociedade... Que pais é esse?
Honra, justiça e verdade. Estes três adjetivos também significam consciência.
Será que os negros só têm este direito garantido no dia 20 de novembro?
Isso tudo apenas nos mostra as idas e vindas, de "um país de todos", que só serve aos interesses de alguns.
Enfim, sonho com o dia que a luta pela liberdade dos negros acabará.
Caroline
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
Razões para sorrir
É! Acabou. Simples assim, foi embora, aquela nuvem que estava encobrindo o sol. Por que será, que em dias assim, até parece que a gente esquece que tudo passa? Esquece que sempre, seja a situação que for, sempre surgem mudanças. Afinal o tempo não pára. Ele não espera por ninguém. Não podemos simplesmente dar “pause” e se dar ao luxo de um tempo pra recuperação. Que nada! O universo não gira em função do umbigo de ninguém. Porém, nesses dias, é bem assim que encaramos o mundo. Como se nossos problemas fossem maiores e mais merecedores da atenção do cara lá de cima.
Curioso, como o baixo- astral é uma droga mesmo. Nos cega, manda embora todo racional, ficamos tão burros quanto uma porta. Agora me diz, do que tanto reclamamos? Hora, de um amor perdido ou não retribuído; outra, de uma traição ou decepção. Por vezes, a incompreensão, daqueles que julgamos nossos maiores devotos de amor. Um emprego perdido, contas vencendo, sonhos adiados. Um dia, olhamos no espelho e aí é a vez daquela gordurinha a mais, do nariz muito grande, queixo pequeno, até mesmo aquele raio de cabelo, que teimosamente, insisti em não ajeitar. Reclamamos da falta de tempo, do tempo oceoso, daquele que não volta mais, do que está por vir. São reclamações sem fim, diárias. Como somos chatos.
Então, vamos fazer o seguinte: até o final do ano (falta tão pouco), antes de reclamar dos nossos infortúnios cotidianos, voltemos nossa mente para as coisas boas, que recebemos diariamente e muitas vezes nem nos damos conta. Quer ver uma coisa?
Perdeu um emprego? Acontece com muito mais gente do que você imagina. Já passei por isso também. Os primeiros dias são fogo. Misto de sentimento de derrota com revolta. Sei lá, parece que o mundo desaba. Mas quer saber? Nada, nem ninguém é insubstituível. A gente lamenta, sofre, chora, quando a verdade é que logo tem outra pessoa ocupando nosso lugar. Bem assim, sem dó nem piedade. Não é o fim, embora pareça, eu sei. Se temos saúde e capacidade, outros trabalhos virão. Pode ter certeza. Nada disso vale uma noite mal dormida. Poderia ser bem pior...
Perdeu um amor? Nada dá certo, quando o assunto é coração? Quem não passou por isso? Histórias de amores perfeitos, só em filmes mesmo, só no faz de conta. Toda relação humana é complicada e cheia de altos e baixos, por que somos exatamente assim. E tem mais, se não acabou como esperava, não era pra ser. Mania essa nossa, de investir, insistir em algo que não leva a nada. Ou melhor, leva sim, sempre fica alguém ferido, magoado. E a culpa é do outro? Claro que não! As escolhas são nossas, assim como as conseqüências também.
Tens reclamado que está sozinha(o)? Poderia ser bem pior, não é? Tem tanta gente por aí, infeliz, vivendo de aparência. Falta coragem, sobra comodidade, pra enfim dar um basta, recomeçar. Entre estar com a pessoa errada e ficar em paz, tranqüila, esperando pelo que o destino tenha preparado, opto por ter meu coração livre. O amor acontece quando é pra ser. Tem hora pra tudo, é nisso que acredito. Não dá pra viver em função dele. Não dá é pra deixar de viver, esperando, queixando-se. O amor virá ou não. Mas o que importa? Como já dizia Renato: “ é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...”
O espelho parece estar de mal contigo? O tempo passou, tudo mudou e o reflexo não é bem aquele que você esperava? Ah! Mulher tem muito disso, né? Quem disse que existe um único e exclusivo modelo de beleza? Se fosse assim, porque tanta gente diferente, mundo a fora? A verdade é que não adianta nada, eu ficar escrevendo linhas e linhas, quando a única coisa que vai fazer a diferença, são duas palavrinhas: amor próprio. Ou me aceito como sou e passo a entender que o amor começa daqui pra fora, ou não terá santo que mudará a visão que cada um faz de si. Nessa vida, somos reflexo do que vivemos, do que damos e recebemos. Esse “se amar” começa aí também. Complicado, uma pessoa que vê o mundo descolorido, sem graça, sem tesão algum, deixar o coração refletir qualquer beleza que seja. Então, se o espelho já da algum sinal de descontentamento, trate de observar se não há nada errado do lado de dentro. Por que, no final das contas, não é essa beleza externa que fica. É quem somos, que ficará pra sempre.
Viu como reclamamos? E olha que são só alguns exemplos. Não julgo ninguém, até por que sou bem assim também. Só que o lado bom, é que geralmente, meus dias mais “depre” duram pouco. O suficiente pra cair na real e ver que sou uma pessoa de muita sorte. Que apesar dos pesares, acordo todos os dias pela manhã e posso ver o sol. Tenho saúde e muitos sonhos pra correr atrás. Minha casa e minha família são meu porto seguro, até mesmo quando surgem atritos e discussões. Conviver é isso, saber lidar com diferenças, respeitando o outro. Tenho amigos, trabalho no que gosto, estou feliz e em paz comigo mesmo... Enfim, MUITAS razões pra sorrir.
O que importa não é o que acontece com a gente. Mas o que a gente faz, com o que acontece com a gente.
Caroline
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Alfabeto
Aquilo
Bastou.
Chamei
De
Esperança.
Fui
Ganhando
Hora,
Imaginei
Já
Longe,
Meu
Navio.
Outro
Porto,
Que
Retorno
Saudosa.
Tempo
Único...
Voltava.
Xodó.
Zelo.
Ps. Infelizmente, não lembro onde li sobre essa idéia, de escrever frases, usando a ordem alfabética das letras. Achei tão legal, que resolvi tentar aqui. Fica a dica, pra quem, de repente, anda sem muita idéia do que escrever.
Assim que descobrir, onde vi isso, darei os devidos créditos.
Caroline
Brincadeira de criança
Quando eu era pequena, ou melhor, assim que nasci, morávamos em uma casa coladinha a da minha avó. Ficamos lá até um pouco antes da minha mana nascer, a poucos meses de completar meu segundo ano de vida. Portanto, dos dias vividos lá, não tenho lembranças muito significantes. São sons, cheiros e flashback’s, que nem sei ao certo se são reais. Depois disso, papai comprou esse apartamento, em que estamos até hoje. Ainda lembro, como se pudesse voltar no tempo, de como foi crescer e descobrir diversas possibilidades de “traquinagens”, pra desespero da mamãe.
Mesmo com tantos brinquedos, joguinhos e bonecas, minha maior paixão era um buraco. Isso mesmo, um simpático compartimento, de 1 metro e meio por 1 e 20 de largura, cravado na parede do quarto da mamãe, ao lado da porta da sacada. A portinha de entrada é estreita, deve ter no máximo meio metro e fica camuflada, quase que esquecida ali, por trás das persianas. Até hoje não sabemos pra que raio fizeram isso. Nós mesmo, já usamos pra vários fins. De esconderijo ultra-secreto, a depósito de “materiais de extremo valor sentimental e apego emocional”, ou seja, cacarecos do coração. Na falta de sótão, tudo aquilo que não conseguimos jogar fora, vai pro “cantinho das quinquilharias”.
Lembro que eu e minha mana adorávamos brincar de elo perdido, igual o seriadinho que passava na nossa infância, ali era nossa caverna. A imaginação criava asas e voava... Podia ser o que quisesse, naquela hora. De princesa presa na torre, a Chitara dos Thundercats, só queria saber de brincar. Engraçado, como na época aquele cantinho parecia tão grande, visto por duas crianças de 3 e 5 anos. Bom mesmo era no verão, por que a parede não tinha revestimento, era geladinho, bem fresquinho. Quem não gostava muito era mamãe, que quase enlouquecia, cada vez que nos pegava lá dentro. Dizia que tinha pó, que tínhamos alergia, podia ter aranhas, blá blá blá... Mas era batata, podia apostar. Silêncio na casa e duas guriazinhas sumidas, tinha endereço certo.
Outras vezes, vencíamos a nossa mãe no cansaço. Então, ela brincava de esconder conosco. Ficava contando, bem lentamente, enquanto corríamos pra nos esconder. Adivinha onde? Mamãe fingia estar complicadíssimo nos encontrar e nos levava a risinhos de ansiedade, pura felicidade, contidos por mãozinhas gordinhas, que seguravam a boquinha, pra não serem descobertas. Acho que se tivesse mais espaço, saltitávamos de euforia. Ele segue lá, basta olha –lo, e feito mágica, volto no tempo, em que me divertir era minha maior preocupação. Ah! Era tão bom...
Conforme fomos crescendo, aquele refúgio foi encolhendo, passar na portinha era um problema. Perdemos também a preferencial, já que papai achou outras serventias pra ele. Mandou forrar a parede com madeira, colocou umas prateleiras e inauguramos um porta malas... Coisa mais sem graça. Humpf! Só não tinha espaço pra mais duas “malinhas”... hehehe.
Assim, terminava nossa história de amor. Custei muito a aceitar, esse corte tão brusco, do meu fiel amigo e escudeiro, o buraco. Mas tudo bem... Superei sem maiores traumas. E como uma linda e doce “anjinha”, que fui quando criança, não demorou muito a inventar novos meios de encher mamãe de fios brancos.
Já contei das cabaninhas, feitas com lençol e cobertores, amarrados na cama? Ô tempo bom...
Mesmo com tantos brinquedos, joguinhos e bonecas, minha maior paixão era um buraco. Isso mesmo, um simpático compartimento, de 1 metro e meio por 1 e 20 de largura, cravado na parede do quarto da mamãe, ao lado da porta da sacada. A portinha de entrada é estreita, deve ter no máximo meio metro e fica camuflada, quase que esquecida ali, por trás das persianas. Até hoje não sabemos pra que raio fizeram isso. Nós mesmo, já usamos pra vários fins. De esconderijo ultra-secreto, a depósito de “materiais de extremo valor sentimental e apego emocional”, ou seja, cacarecos do coração. Na falta de sótão, tudo aquilo que não conseguimos jogar fora, vai pro “cantinho das quinquilharias”.
Lembro que eu e minha mana adorávamos brincar de elo perdido, igual o seriadinho que passava na nossa infância, ali era nossa caverna. A imaginação criava asas e voava... Podia ser o que quisesse, naquela hora. De princesa presa na torre, a Chitara dos Thundercats, só queria saber de brincar. Engraçado, como na época aquele cantinho parecia tão grande, visto por duas crianças de 3 e 5 anos. Bom mesmo era no verão, por que a parede não tinha revestimento, era geladinho, bem fresquinho. Quem não gostava muito era mamãe, que quase enlouquecia, cada vez que nos pegava lá dentro. Dizia que tinha pó, que tínhamos alergia, podia ter aranhas, blá blá blá... Mas era batata, podia apostar. Silêncio na casa e duas guriazinhas sumidas, tinha endereço certo.
Outras vezes, vencíamos a nossa mãe no cansaço. Então, ela brincava de esconder conosco. Ficava contando, bem lentamente, enquanto corríamos pra nos esconder. Adivinha onde? Mamãe fingia estar complicadíssimo nos encontrar e nos levava a risinhos de ansiedade, pura felicidade, contidos por mãozinhas gordinhas, que seguravam a boquinha, pra não serem descobertas. Acho que se tivesse mais espaço, saltitávamos de euforia. Ele segue lá, basta olha –lo, e feito mágica, volto no tempo, em que me divertir era minha maior preocupação. Ah! Era tão bom...
Conforme fomos crescendo, aquele refúgio foi encolhendo, passar na portinha era um problema. Perdemos também a preferencial, já que papai achou outras serventias pra ele. Mandou forrar a parede com madeira, colocou umas prateleiras e inauguramos um porta malas... Coisa mais sem graça. Humpf! Só não tinha espaço pra mais duas “malinhas”... hehehe.
Assim, terminava nossa história de amor. Custei muito a aceitar, esse corte tão brusco, do meu fiel amigo e escudeiro, o buraco. Mas tudo bem... Superei sem maiores traumas. E como uma linda e doce “anjinha”, que fui quando criança, não demorou muito a inventar novos meios de encher mamãe de fios brancos.
Já contei das cabaninhas, feitas com lençol e cobertores, amarrados na cama? Ô tempo bom...
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Deixa ser...
Só falta abandonar a velha escola
Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida sempre o meu passei público
E ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só único
Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais desse oceano atlântico
Só falta reunir a zona norte à zona sul
Iluminar a vida já que a morte cai do azul
Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acorda ser gente grande pra poder chorar
Me dá um beijo então aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser pelo coração
Se é loucura então, melhor não ter razão
Me dá um beijo então aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser pelo coração
Se é loucura então, melhor não ter razão
(O Último Romântico - Lulu Santos)
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Um sonho... Um reencontro.
O que é a liberdade?
Já voei um dia. Não foi de avião, asa delta, para- quedas, ou qualquer coisa assim. Voei de verdade, flutuei no ar e isso foi a sensação mais próxima do que defino por liberdade. Posso sentir de novo...
Estou com muito medo. Primeiro tenho receio de tentar e não conseguir. Existe uma pessoa ao meu lado... Não! É uma voz, que eu ouço, ou melhor, sinto, dentro de mim. No íntimo, sei que dará tudo certo, porém meu coração acelerou, acho que minhas mãos suam frio, pelo momento que está por vir...
Estou em um lugar aberto, um campo. Nunca estive aqui, não me é familiar. Tem flores, muitas delas. Posso sentir o perfume, tão suave, tão gostoso. Uma brisa paira no ar. Caminho devagar. Ao mesmo tempo que desejo começar logo, quero curtir cada pedacinho deste lugar. Como se gravasse em minha memória, quero guardar essa imagem pra sempre. Não tenho pressa. Dá impressão que o tempo parou. Naquele momento havia parado, sei disso...
Depois, só consigo lembrar da sensação. De quando dei um leve impulso, meio sem jeito e comecei a subir, subir... Nossa! Me Deus! Impossível traduzir essas lembranças em palavras, impossível... Poucas foram as vezes que senti meu coração transbordar de felicidade, como naquela hora. Engraçado, lembrei de algum momento da minha infância. Como quando mamãe voltava do trabalho e estendia os braços, agachada no chão. Corríamos até ela. Aquele abraço da minha mãe tem o mesmo efeito, o mesmo poder....
Naquele hora, não sentia o peso do corpo ou a pressão da gravidade. Foram por água abaixo, aulas de física, a tempos já esquecidas. Flutuava bem devagar, experimentando a sensação do vento no rosto. Tenho a impressão de não haver mais fronteiras, o mundo é meu limite. Feito criança, com brinquedo novo, não sei o que fazer primeiro... Nado no ar e rio. Um riso solto e despreocupado, como se aquela coisa tão boba, fosse a melhor coisa do mundo. Juntaram -se a mim algumas pessoas, que sorriem. Não é nada espalhafatoso, são gestos de uma extrema suavidade, doces, ternos. Sinto que conheço essa gente, são tão familiares. Posso sentir no coração, esta alegria em reencontra- los. Mas como isso, se jamais os tinha visto?
A única que fala comigo é uma senhora. É tão linda! Não essa beleza a que estamos acostumados, pela qual fazemos parâmetros. É algo que vem de dentro, uma luz, energia pura. Ela aquece minha alma, enquanto passeamos juntas, feito anjos, voando nesta imensidão azul. Hoje já não lembro mais das palavras, e sinto muito por isso. Cada vez mais, ficam vagas as lembranças, com pontos falhos, imagens cortadas.
Desde que a vi, sabia que era minha vovó querida, a pessoa que tanto amei nesta vida. Sinto pelo toque de suas mãos e pelo olhar. Está mais jovem, como nunca cheguei a vê- la. Mas aqueles olhos eram os mesmos... Não lembro se falei alguma coisa, não lembro... Chorei. Isso sei que fiz. Depois de tanto tempo, depois de tudo, tinha minha vó amada comigo, mais uma vez.
Agora estou em outro lugar... Parece o alto de uma colina. Tudo é tão limpo e claro. O céu mais azul que já vi na vida. Tem uns pilares brancos, bem altos, onde pessoas com roupas claras descansam. A temperatura é tão amena, é tão fresquinho aqui. Um raio de sol, bem suave, bate em meu rosto. Por um momento, fecho os olhos, suspirando... De repente, volto a realidade. Sinto muito medo. Será que morri? Penso na minha mãe, minha mana, nossa casa. Fico inquieta, dizendo que quero voltar, pedindo por elas. Uma dor no peito, antecede um choro sofrido... Um registro intacto, tão vivo, ainda resiste ao tempo. O rosto da minha vózinha, falando que ficaria tudo bem.
Como se passasse um segundo, sinto meu espírito voltando, enquanto vai encaixando pouco a pouco, no corpo deitado a cama. Abro os olhos e mal consigo raciocinar. Sinto muito medo. Escapa um soluço e outro. Meu peito segue dolorido, assim como as lágrimas que escorrem dos olhos. Corro até a cama da mamãe e deito junto dela. Ela acorda assustada, comigo agarrada. Pergunta se foi um pesadelo, respondo com a cabeça que sim, sem querer falar nada naquele momento. Recebo um beijo na testa, carinho. Fico ali, abraçadinha, sentindo meu coração desacelerar de mansinho...
Isso aconteceu há uns 10 anos atrás. Algumas pessoas verão como apenas mais um sonho, outras podem achar uma história qualquer, tão fantasiosa como outras tantas. Acontece que sei que foi real. Foi o primeiro e único encontro que tive com a vovó, através de nossas almas. Isso em sonho, pq ela está presente sempre que preciso. Sabe como percebo? Através do perfume. Aquele mesmo das flores, de quando fui encontra- la, no plano astral. Sempre que minha vó vem nos ver, sentimos o perfume aqui em casa. Então, basta recebe- la com o coração. E como ela disse: “Fica tudo bem.” Assim, abriam as portas pra minha sensibilidade, pro mundo invisível aos olhos. Foi através deste sonho, que encontrei meu caminho espiritual.
Agora que parei pra pensar, notei que há tempos minha alma não se deixa voar por aí... Há tempos que não recordo meus sonhos, assim que desperto. Preciso relaxar mais, me reencontrar...
Queria poder voar, mais uma vez....
Caroline
sábado, 8 de novembro de 2008
Pegadas
"Se quiser fugir
Prá qualquer lugar que for
Nem precisa me chamar
Tão perto que eu estou..."
(Se quiser - Tânia Mara)
Pessoal
Aqui, no trecho da música, não estava falando de mim. Um amigo me procurou e disse que deveria existir uma solução, em que pudessemos sumir, qdo aparecem problemas... Acho que a maioria das pessoas, vez ou outra, pensam assim. Eu mesmo, já passei por isso. Ainda não cheguei a essa perfeição, de simplesmente olhar só pra frente, deixar seguir, sem que me afetassem esses acidentes de percurso. Tenho ainda muitas fraquezas... Mas e daí? São segundos, minutos, em que paramos e pensamos: Puta merda! E agora? Queria fugir... Mas a verdade é que não existe essa opção. Apenas tardamos o momento de bater de frente com algo que não tem remédio, escapatória. Aí pergunto: É errado, se meu amigo encarou assim, naquela hora? Sei que ele seguirá em frente, mesmo assim...
Só quis dizer que estou aqui... Ofereci minha companhia, seja lá como ele for encarar. Só queria que ele soubesse que pode contar com alguém. Era isso... Entende??
Lembrei daquele texto: Pegadas na areia. E de como ele nos mostra que nunca estamos sozinhos.
Caroline
Prá qualquer lugar que for
Nem precisa me chamar
Tão perto que eu estou..."
(Se quiser - Tânia Mara)
Pessoal
Aqui, no trecho da música, não estava falando de mim. Um amigo me procurou e disse que deveria existir uma solução, em que pudessemos sumir, qdo aparecem problemas... Acho que a maioria das pessoas, vez ou outra, pensam assim. Eu mesmo, já passei por isso. Ainda não cheguei a essa perfeição, de simplesmente olhar só pra frente, deixar seguir, sem que me afetassem esses acidentes de percurso. Tenho ainda muitas fraquezas... Mas e daí? São segundos, minutos, em que paramos e pensamos: Puta merda! E agora? Queria fugir... Mas a verdade é que não existe essa opção. Apenas tardamos o momento de bater de frente com algo que não tem remédio, escapatória. Aí pergunto: É errado, se meu amigo encarou assim, naquela hora? Sei que ele seguirá em frente, mesmo assim...
Só quis dizer que estou aqui... Ofereci minha companhia, seja lá como ele for encarar. Só queria que ele soubesse que pode contar com alguém. Era isso... Entende??
Lembrei daquele texto: Pegadas na areia. E de como ele nos mostra que nunca estamos sozinhos.
Caroline
EU TE AMO
Essa noite não conseguia dormir direito, acordava de hora em hora. Cedo, já estava fora da cama, com uma inquietação no coração. Não sei o que está acontecendo, mas desde que escrevi aquele texto, dividindo um pouco do que passei e sobre recomeçar, tem acontecido fatos que já faziam parte somente das lembranças, trazendo pessoas queridas de volta pra minha vida. Como já contei, sentia muita vergonha, pelos erros que havia cometido. Era minha maior juíza, meio que me punindo a cada dia. Dizer que, enfim, me sentia em paz de verdade, isso só foi acontecer a poucos dias atrás.
Já conheci muita gente, através do mundo virtual. Alguns apenas passaram por mim. Porém, outros, deixaram marcas profundas, saudade mesmo. Por um tempo, acabei me afastando deles, precisava disso. Foi uma decisão difícil e, volta e meia, não conseguia. E a coragem, pra encarar as pessoas, pra quais havia mentido? E a confiança, que haviam perdido? Por que depois de tudo, como recomeçar? Faltou coragem. Deixei que as coisas ficassem como estavam. Confesso que, muitas vezes entrava no MSN, sempre oculta, buscando meus velhos amigos. Mas naquela hora, não conseguia ir além disso... Por mais que sentisse falta, o medo de ser julgada ou destratada, me bloqueava. Nessa época, ainda não tinha amenizado, aquela necessidade de me sentir perto deles. Naquela doença toda, me bastava apenas estar online, apenas saber que estavam ali, ao mesmo tempo que eu. Meu Deus! Como foi e é difícil lidar com essa situação, desse apego por esta história que vivi. A falta que sentia era física, chegava a doer. Sabe o que é isso? Triste, tu não ter o controle sobre as emoções. Era escrava da minha mente em desequilíbrio.
O tempo passou, a dor também, minha vida vai se estabilizando. Mas e o que fazer com o amor que tenho por essas pessoas? E o carinho, as lembranças, que me remetem a momentos felizes, o que fazer com elas? Desde domingo passado, a força do pensamento, em conjunto com o desejo do meu coração e o poder das palavras, tem feito acontecer coisas que não consigo entender. O que o cara lá de cima, quer me dizer com isso tudo? Ontem a noite, descobri que um amigo que amo muito, sofreu um acidente. Está em coma, na UTI. Não dá pra descrever em palavras, o baque que foi, ao descobrir isso. Não consigo passar pra vocês, o sentimento de impotência, que sinto agora. Primeiro, pq estamos distantes, ele em São Paulo, eu aqui no sul. Segundo, pq o Bruno é um desses amigos, que via no MSN, e embora tivesse uma vontade imensa de dar um oi, não conseguia...
O bruninho é daquelas pessoas que estão sempre de bem com a vida. Amigão de todo mundo, tem um coração e uma alma tão linda quanto o dono. Sinto muita falta das nossas brincadeiras, das zoações dele comigo, até mesmo das vezes que falávamos sério. Saber que, durante todo esse tempo,perdi a oportunidade de ter um pouco dessa energia do Bruno, por medo de sofrer, acabou comigo. De verdade! Sem tentar, não tem como saber qual seria a reação dele, não é? Agora, me arrependo tanto, de não ter dito que, apesar de ter errado muito, toda vez que falei que o amava e que era querido e especial pra mim, foi espontâneo e verdadeiro. Devia ter agradecido mais, por não me deixar sozinha, num momento que precisei. Devia ter me desculpado, deixado o medo de lado. Devia ter ido conhece- lo, quando tive uma oportunidade. Devia ter contado que foi por ele e sua paixão por certos seriados, que passei a gostar também. Devia ao menos ter tentado...
Estou com um aperto no peito, um nó na garganta, um medo... O que a vida quer me mostrar, por deus???
O Bruno é um dos caras mais legais que eu conheço e merece uma vida toda pela frente. Por que mais do que ninguém, ele tem gana de vida. Se não for pedir muito, depois de tudo que o senhor tem feito por mim, cuida do meu amigo... Por favor, meu Deus!
Foi ele quem citei uma vez, quando contei que um amigo reclamava que eu escrevia demais. Dizia ter preguiça, só de ver o tamanho dos meus textos. Então, pra ti Bruno, vão poucas palavras, mas que dizem tudo que gostaria que tu soubesses: AMO VOCÊ!
Força aí, Chicoso. O mundo precisa da tua luz. Sinto tua falta...
Caroline
Já conheci muita gente, através do mundo virtual. Alguns apenas passaram por mim. Porém, outros, deixaram marcas profundas, saudade mesmo. Por um tempo, acabei me afastando deles, precisava disso. Foi uma decisão difícil e, volta e meia, não conseguia. E a coragem, pra encarar as pessoas, pra quais havia mentido? E a confiança, que haviam perdido? Por que depois de tudo, como recomeçar? Faltou coragem. Deixei que as coisas ficassem como estavam. Confesso que, muitas vezes entrava no MSN, sempre oculta, buscando meus velhos amigos. Mas naquela hora, não conseguia ir além disso... Por mais que sentisse falta, o medo de ser julgada ou destratada, me bloqueava. Nessa época, ainda não tinha amenizado, aquela necessidade de me sentir perto deles. Naquela doença toda, me bastava apenas estar online, apenas saber que estavam ali, ao mesmo tempo que eu. Meu Deus! Como foi e é difícil lidar com essa situação, desse apego por esta história que vivi. A falta que sentia era física, chegava a doer. Sabe o que é isso? Triste, tu não ter o controle sobre as emoções. Era escrava da minha mente em desequilíbrio.
O tempo passou, a dor também, minha vida vai se estabilizando. Mas e o que fazer com o amor que tenho por essas pessoas? E o carinho, as lembranças, que me remetem a momentos felizes, o que fazer com elas? Desde domingo passado, a força do pensamento, em conjunto com o desejo do meu coração e o poder das palavras, tem feito acontecer coisas que não consigo entender. O que o cara lá de cima, quer me dizer com isso tudo? Ontem a noite, descobri que um amigo que amo muito, sofreu um acidente. Está em coma, na UTI. Não dá pra descrever em palavras, o baque que foi, ao descobrir isso. Não consigo passar pra vocês, o sentimento de impotência, que sinto agora. Primeiro, pq estamos distantes, ele em São Paulo, eu aqui no sul. Segundo, pq o Bruno é um desses amigos, que via no MSN, e embora tivesse uma vontade imensa de dar um oi, não conseguia...
O bruninho é daquelas pessoas que estão sempre de bem com a vida. Amigão de todo mundo, tem um coração e uma alma tão linda quanto o dono. Sinto muita falta das nossas brincadeiras, das zoações dele comigo, até mesmo das vezes que falávamos sério. Saber que, durante todo esse tempo,perdi a oportunidade de ter um pouco dessa energia do Bruno, por medo de sofrer, acabou comigo. De verdade! Sem tentar, não tem como saber qual seria a reação dele, não é? Agora, me arrependo tanto, de não ter dito que, apesar de ter errado muito, toda vez que falei que o amava e que era querido e especial pra mim, foi espontâneo e verdadeiro. Devia ter agradecido mais, por não me deixar sozinha, num momento que precisei. Devia ter me desculpado, deixado o medo de lado. Devia ter ido conhece- lo, quando tive uma oportunidade. Devia ter contado que foi por ele e sua paixão por certos seriados, que passei a gostar também. Devia ao menos ter tentado...
Estou com um aperto no peito, um nó na garganta, um medo... O que a vida quer me mostrar, por deus???
O Bruno é um dos caras mais legais que eu conheço e merece uma vida toda pela frente. Por que mais do que ninguém, ele tem gana de vida. Se não for pedir muito, depois de tudo que o senhor tem feito por mim, cuida do meu amigo... Por favor, meu Deus!
Foi ele quem citei uma vez, quando contei que um amigo reclamava que eu escrevia demais. Dizia ter preguiça, só de ver o tamanho dos meus textos. Então, pra ti Bruno, vão poucas palavras, mas que dizem tudo que gostaria que tu soubesses: AMO VOCÊ!
Força aí, Chicoso. O mundo precisa da tua luz. Sinto tua falta...
Caroline
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Yes we can
Desde a minha entrada na adolescência, percebia o fascínio de alguns amigos e conhecidos, pelos EUA. Não conseguia entender o que viam de tão interessante, na terra do tio San. Meu inglês é uma piada, do tipo que se aprende ainda no colégio: THE BOOK IS ON THE TABLE. Mas, sinceramente, não faz muita falta no meu cotidiano. Tem vezes, em que até adoraria saber mais, pra não ficar sem entender “bulhufas”, do que dizem as músicas que gosto.
Sempre tive meus dois pés bem irraizados em solo brasileiro, nessa pátria mãe gentil. Nunca tive vontade de morar lá, fazer parte do “sonho americano”, desenvolver relações exteriores, nada disso. Longe de mim, no meu singelo trabalho de educadora aqui Brasil, ser reconhecida internacionalmente ou chegar a ter meu nome citado nos New York Time da vida. A verdade, é que levo meu dia a dia meio que a parte, alheio a coisas como crises econômicas, queda da bolsa, economia global, o diabo a quatro... Política então, é algo que já deixei de levar muito em conta. Se os daqui, não fazem por nós, eu lá ia perder meu precioso tempo com política internacional... Nunca!
Daqui de baixo, via os americanos do norte como um povo mesquinho, envolvidos apenas e tão somente com seus próprios umbigos. No topo mais alto, olhavam os reles latinos americanos, o quintal dos fundos da América, como se fizéssemos parte da escória. Pouco me importava, com o que acontecia ou deixava de acontecer... É, descaso gera descaso. Pelo menos para mim, neste caso. Bush então, parece um chuchu, sem graça, sem sal. Me revoltava, vê-lo fazendo vista grossa, carregando o peso de tantas vidas perdidas, numa guerra de puro ego. Me impressionava tanto, um povo que se diz tão superior, agir assim, na total ignorância. Isso tudo há de ser mais uma página virada. Só lamento ser a custo de muitos órfãos, pais saudosos... Tarde demais!
Não faço parte de nenhuma minoria. Sei lá eu pq, mas quis Deus que eu não nascesse negra e jamais sofresse na pele o preconceito racial. Não sei o que é a pobreza ou a miséria. Meus problemas ficam pequenos, se comparados as necessidades que tantos passam, mundo a fora. Estou longe, muito distante, dessa evolução espiritual, que faz do amor, ação de caridade universal. As vezes ainda me pego fazendo queixa, dos porques da vida. Porém, nos últimos meses, algo me fez repensar. Algo muito profundo, chamou minha atenção, para esse homem que trazia consigo a possibilidade de um futuro melhor, carregado de sonhos e lutas. Tão parecido com a nossa gente, tão igual a nós.
Assistindo o discurso da vitória, nem precisei do inglês, pra entender as palavras de Obama. A emoção não precisa tradução, basta apenas senti-la. Aquele momento, significava algo que ia muito além disso tudo. Podíamos ver a imagem de qualquer um, refletida naquele homem, alguém que trabalhou muito pra chegar onde chegou. Assim como tantos outros, espalhados nesse mundão a fora, enfrentou separações, frustrações, fraquezas, limitações e dificuldades. Contudo, venceu. Mostrando que todos podemos SIM.
Chorei bastante. Não que precise de muito pra isso, sendo praticamente uma manteiga derretida. Desta vez, era um choro da alma, misto de esperança e alívio. Me emocionou muito, poder vivenciar este capítulo da história, onde o mundo parou, assistindo o despertar de um sonho. Para mim, foi esta a maior mensagem que ele passou. Que pra se realizar qualquer sonho, você precisa acordar pra realidade, renascer. Hoje, mais do que nunca, vive um pouco de Martin Luther King, em cada coração americano. E como ele nos dizia, essa vitória mostra que a força do caráter não pode ser medida pela cor da pele. Ver este homem, negro e de origem humilde, tão real e palpável, chegando ao poder, nos leva a rever velhos conceitos, velhas opiniões. Já era tempo...
“Nós vamos mudar este país.
Nós vamos mudar o mundo.”
Engraçado, dessa vez, eu acredito. Boa sorte!
Caroline
ps. Como não sei colocar vídeos do Youtube aqui, deixo o link pra vocês tentarem assistir. Gosto muito deste e como ele diz: Sim, podemos!!
http://www.youtube.com/watch?feature=related&v=BHEO_fG3mm4
Sempre tive meus dois pés bem irraizados em solo brasileiro, nessa pátria mãe gentil. Nunca tive vontade de morar lá, fazer parte do “sonho americano”, desenvolver relações exteriores, nada disso. Longe de mim, no meu singelo trabalho de educadora aqui Brasil, ser reconhecida internacionalmente ou chegar a ter meu nome citado nos New York Time da vida. A verdade, é que levo meu dia a dia meio que a parte, alheio a coisas como crises econômicas, queda da bolsa, economia global, o diabo a quatro... Política então, é algo que já deixei de levar muito em conta. Se os daqui, não fazem por nós, eu lá ia perder meu precioso tempo com política internacional... Nunca!
Daqui de baixo, via os americanos do norte como um povo mesquinho, envolvidos apenas e tão somente com seus próprios umbigos. No topo mais alto, olhavam os reles latinos americanos, o quintal dos fundos da América, como se fizéssemos parte da escória. Pouco me importava, com o que acontecia ou deixava de acontecer... É, descaso gera descaso. Pelo menos para mim, neste caso. Bush então, parece um chuchu, sem graça, sem sal. Me revoltava, vê-lo fazendo vista grossa, carregando o peso de tantas vidas perdidas, numa guerra de puro ego. Me impressionava tanto, um povo que se diz tão superior, agir assim, na total ignorância. Isso tudo há de ser mais uma página virada. Só lamento ser a custo de muitos órfãos, pais saudosos... Tarde demais!
Não faço parte de nenhuma minoria. Sei lá eu pq, mas quis Deus que eu não nascesse negra e jamais sofresse na pele o preconceito racial. Não sei o que é a pobreza ou a miséria. Meus problemas ficam pequenos, se comparados as necessidades que tantos passam, mundo a fora. Estou longe, muito distante, dessa evolução espiritual, que faz do amor, ação de caridade universal. As vezes ainda me pego fazendo queixa, dos porques da vida. Porém, nos últimos meses, algo me fez repensar. Algo muito profundo, chamou minha atenção, para esse homem que trazia consigo a possibilidade de um futuro melhor, carregado de sonhos e lutas. Tão parecido com a nossa gente, tão igual a nós.
Assistindo o discurso da vitória, nem precisei do inglês, pra entender as palavras de Obama. A emoção não precisa tradução, basta apenas senti-la. Aquele momento, significava algo que ia muito além disso tudo. Podíamos ver a imagem de qualquer um, refletida naquele homem, alguém que trabalhou muito pra chegar onde chegou. Assim como tantos outros, espalhados nesse mundão a fora, enfrentou separações, frustrações, fraquezas, limitações e dificuldades. Contudo, venceu. Mostrando que todos podemos SIM.
Chorei bastante. Não que precise de muito pra isso, sendo praticamente uma manteiga derretida. Desta vez, era um choro da alma, misto de esperança e alívio. Me emocionou muito, poder vivenciar este capítulo da história, onde o mundo parou, assistindo o despertar de um sonho. Para mim, foi esta a maior mensagem que ele passou. Que pra se realizar qualquer sonho, você precisa acordar pra realidade, renascer. Hoje, mais do que nunca, vive um pouco de Martin Luther King, em cada coração americano. E como ele nos dizia, essa vitória mostra que a força do caráter não pode ser medida pela cor da pele. Ver este homem, negro e de origem humilde, tão real e palpável, chegando ao poder, nos leva a rever velhos conceitos, velhas opiniões. Já era tempo...
“Nós vamos mudar este país.
Nós vamos mudar o mundo.”
Engraçado, dessa vez, eu acredito. Boa sorte!
Caroline
ps. Como não sei colocar vídeos do Youtube aqui, deixo o link pra vocês tentarem assistir. Gosto muito deste e como ele diz: Sim, podemos!!
http://www.youtube.com/watch?feature=related&v=BHEO_fG3mm4
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Esperando o Papai Noel
Quando eu era pequena e minha vó ainda estava conosco, passávamos as noites de natal em sua casa. O 25 de dezembro, de um distante 1986, foi o que mais marcou minha infância. Lembro que nessas festas natalinas mamãe nos vestia sempre com um vestidinho, geralmente chadrezinho, nas cores vermelho, azul, dourado e verde. Nossa vó que costurava, eram feitos de veludo, bem “repolhudos”. Tinham um cinturão, bem abaixo do peito, alcinhas e um laço nas costas. Pra combinar, uma fita no cabelo, que teimava em não parar, deslizando pelas madeixas escorridas, de tão lisas.
Vovó morava num casarão antigo, daqueles enormes, que pegam meio quarteirão. Pra nossa alegria, era todo nosso, já que meus outros primos já eram adolescente naquela época. A casa tinha uma biblioteca bem grande, com prateleiras de livros que iam até o teto. Minha vó era professora de letras e literatura, e foi dela que puxei a paixão pelos livros. Gostava tanto de sentar no tapete fofo, bem junto aos seus pés, só pra ficar ouvindo historinhas. Ainda posso sentir o cheirinho dela, sempre que fecho os olhos. Usava aqueles perfumes antigos, da Avom, que nem fazem mais... Saudade dela.
Naquele ano, havia encomendado ao Papai Noel, uma bicicleta nova. Já sabia andar sem as rodinhas, era hora de ganhar uma “bici” de mocinha. Tínhamos ido até a loja, pra escolher o modelo que eu queria, pra só então enviar a cartinha ao bom velhinho. Era uma Calói Ceci, rosa, com uma cestinha branca. Fiquei apaixonada, assim que vi. Mal sabia, que ela seria minha companheira de muitas aventuras... E tombos também.
Um mês depois, havia chegado a grande noite. Na casa da vovó, o natal era tradicional, com presentes embaixo do pinheiro e na mesa, toda família reunida, esperando as gostosuras que ela mesmo preparava. Na ceia tinha peru, panetone, salpicão, rabanada, arroz grego e muitos doces. Não tinha um, que não saísse com uns quilinhos a mais. Com um certo custo, esperava a meia noite acordada. Minha mana não resistia, sempre dormia. No meu caso, a ansiedade, pela chegada do Papai Noel, me mantinha “ligadona”. Minha vó fazia uma oração, antes de ceiarmos. Na época não entendia direito, mas sabia que devia ficar quietinha, comportada, pois vovó estava falando com papai- do- céu. Eu só contava os minutos, pro grande momento da noite...
Acredito que, quando o relógio cuco deu as doze badaladas, meus olhos devam ter brilhado. Aí era só esperar, pois sabia que a qualquer segundo ele chegaria. Passaram 10 minutos, 15, 20, meia hora... E nada. Perguntei pro papai, sobre minha bicicleta, ele disse que esperasse um pouco mais, afinal o Papai Noel atendia a todas criancinhas, do mundo todo. Recordo de ter aberto os outros presentinhos, dados pelas tias, dindas, vó, primos. Mas o que mais desejava, não tinha vindo.
Fomos pra casa, sentada no banco de trás do carro, estava frustrada. Desconsolada, tentava entender o pq do bom velhinho ter esquecido de mim. Fora o medo, que bateu... Pq não era das mais comportadinhas, né? hehehe Chegando em casa, enquanto nos aprontávamos pra dormir, mamãe tentava me consolar. Foi quando ouvimos um barulho na porta. Pensei assim: “naquela hora, só poderia ser ele... Ele veio.” Meu coração deve ter parado, pq ainda me emociono, só de lembrar daquela cena. Nisso, minha mana já despertou e cada uma ganhou um colinho, indo em direção a porta de casa. Sentia um misto de medo e euforia, enquanto girava a maçaneta, junto com o papai. Mal conseguia respirar, quando olhei as duas bicicletas. Estavam bem ali, montadinhas e enroladas com um lindo lacinho. Ainda podia jurar ter ouvido as renas e suas sinetinhas... Bem mais do que ter ganho aquele presente, minha maior felicidade foi em saber que o Papai Noel não falha, não esquece.
Só fui perceber dois anos depois, que durante todo tempo era meu pai que se vestia de bom velhinho. Na alegria do momento, entre um HO HO HO e outro, jamais percebi que os dois papais, o meu e o Noel, nunca dividiam o mesmo ambiente.
Doce ilusão infantil. Doces lembranças, que trago comigo.
Caroline
Vovó morava num casarão antigo, daqueles enormes, que pegam meio quarteirão. Pra nossa alegria, era todo nosso, já que meus outros primos já eram adolescente naquela época. A casa tinha uma biblioteca bem grande, com prateleiras de livros que iam até o teto. Minha vó era professora de letras e literatura, e foi dela que puxei a paixão pelos livros. Gostava tanto de sentar no tapete fofo, bem junto aos seus pés, só pra ficar ouvindo historinhas. Ainda posso sentir o cheirinho dela, sempre que fecho os olhos. Usava aqueles perfumes antigos, da Avom, que nem fazem mais... Saudade dela.
Naquele ano, havia encomendado ao Papai Noel, uma bicicleta nova. Já sabia andar sem as rodinhas, era hora de ganhar uma “bici” de mocinha. Tínhamos ido até a loja, pra escolher o modelo que eu queria, pra só então enviar a cartinha ao bom velhinho. Era uma Calói Ceci, rosa, com uma cestinha branca. Fiquei apaixonada, assim que vi. Mal sabia, que ela seria minha companheira de muitas aventuras... E tombos também.
Um mês depois, havia chegado a grande noite. Na casa da vovó, o natal era tradicional, com presentes embaixo do pinheiro e na mesa, toda família reunida, esperando as gostosuras que ela mesmo preparava. Na ceia tinha peru, panetone, salpicão, rabanada, arroz grego e muitos doces. Não tinha um, que não saísse com uns quilinhos a mais. Com um certo custo, esperava a meia noite acordada. Minha mana não resistia, sempre dormia. No meu caso, a ansiedade, pela chegada do Papai Noel, me mantinha “ligadona”. Minha vó fazia uma oração, antes de ceiarmos. Na época não entendia direito, mas sabia que devia ficar quietinha, comportada, pois vovó estava falando com papai- do- céu. Eu só contava os minutos, pro grande momento da noite...
Acredito que, quando o relógio cuco deu as doze badaladas, meus olhos devam ter brilhado. Aí era só esperar, pois sabia que a qualquer segundo ele chegaria. Passaram 10 minutos, 15, 20, meia hora... E nada. Perguntei pro papai, sobre minha bicicleta, ele disse que esperasse um pouco mais, afinal o Papai Noel atendia a todas criancinhas, do mundo todo. Recordo de ter aberto os outros presentinhos, dados pelas tias, dindas, vó, primos. Mas o que mais desejava, não tinha vindo.
Fomos pra casa, sentada no banco de trás do carro, estava frustrada. Desconsolada, tentava entender o pq do bom velhinho ter esquecido de mim. Fora o medo, que bateu... Pq não era das mais comportadinhas, né? hehehe Chegando em casa, enquanto nos aprontávamos pra dormir, mamãe tentava me consolar. Foi quando ouvimos um barulho na porta. Pensei assim: “naquela hora, só poderia ser ele... Ele veio.” Meu coração deve ter parado, pq ainda me emociono, só de lembrar daquela cena. Nisso, minha mana já despertou e cada uma ganhou um colinho, indo em direção a porta de casa. Sentia um misto de medo e euforia, enquanto girava a maçaneta, junto com o papai. Mal conseguia respirar, quando olhei as duas bicicletas. Estavam bem ali, montadinhas e enroladas com um lindo lacinho. Ainda podia jurar ter ouvido as renas e suas sinetinhas... Bem mais do que ter ganho aquele presente, minha maior felicidade foi em saber que o Papai Noel não falha, não esquece.
Só fui perceber dois anos depois, que durante todo tempo era meu pai que se vestia de bom velhinho. Na alegria do momento, entre um HO HO HO e outro, jamais percebi que os dois papais, o meu e o Noel, nunca dividiam o mesmo ambiente.
Doce ilusão infantil. Doces lembranças, que trago comigo.
Caroline
domingo, 2 de novembro de 2008
Seguindo em frente...
O ano de 2006 ia exatamente igual aos demais, sem muitas perspectivas de mudanças, unido á um conformismo pelo que a vida trazia. Aquela Carol não era nem sombra da Carol de hoje. Naquele ano, acabava mais um relacionamento mal sucedido. Não sei ao certo o que acontece, mas sempre penso que dessa vez vai correr tudo bem, sem criar maiores expectativas, porém desejando que desse realmente certo. Essas coisas, quando não estamos bem, são como uma gigantesca e pesada âncora, que te puxam pro fundo. Fica tudo tão pesado, tão sufocante, que você não tem ao menos vontade de lutar contra isso... E nisso, se afunda, cada vez mais.
Nunca fui de “dar bola” pra qualquer coisa relacionada a internet. Como trabalhava sendo babá, o máximo que usava era com as crianças, visitando sites infantil. Minha mana vivia insistindo pra que eu fizesse um ORKUT, MSN, buscar conhecer gente diferente e reencontrar velhos amigos. Começou aos poucos e quando vi estava encantada, com aquele novo mundo. Portanto, dois anos atrás, era uma ignorante total, no assunto “universo virtual”. Não tinha nenhum traquejo, é como se tivesse caído de para- quedas, nesse lugar fascinante e perigoso.
Nessa mesma época, era fã do seriado Lost. Havia descoberto uma comunidade no Orkut, que repassava, em primeira mão, todas as última novidades sobre a série. E foi lá também, através desta comunidade, que conheci o mundo FAKE. Para quem não sabe, no Orkut há milhares de pessoas com perfil fake. Alguns roubam fotos de uma pessoa qualquer e usam como suas, assumindo sua identidade. Há outros casos, como era o meu, em que um grupo de pessoas, que compartilham o mesmo interesse e admiração por um certo artista ou programa e criam um perfil falso. Funciona mais ou menos assim, tentarei explicar: tu entra para aquele grupo e interage como se fosse a pessoa. É como brincar de boneca, ou criar uma vida a parte. Nisso formam-se grupos de amigos, muito fechado, famílias virtuais, num mundo de faz de conta, algo surreal. A pessoa escolhe e caso queira, não precisa se revelar.
Até aí tudo bem, pq tudo nada mais era do que uma brincadeira. Paralelo aos dias maçantes que eu tinha, na vida real, encontrava no fake um sonho. Podia ser quem eu quisesse. Escolhia cada nuance, daquela tela criada por mim. No meio dessa história, conheci uma pessoa muito especial, que dividiu comigo momentos de muita diversão, que me trouxeram felicidade. Só que era uma coisa fantasiosa, irreal, impalpável... Criamos juntos uma família, uma outra vida qualquer. Tínhamos um pacto, de não misturar as coisas, de não envolvermos as duas pessoas que existiam por trás dos personagens. Sabia somente o essencial sobre ele: idade, nome e onde morava; e vice versa. Assim, tudo começou...
Foi bem complicado pra mim, impossível seguir o combinado. Misturei tudo na minha cabeça e acabei metendo os pés pelas mãos. Estava muito carente, sei lá... Não esperava nada da vida. Acordar, a cada nova manhã, era só mais uma das coisas que fazia “robóticamente”. Não acreditava nem em mim. Me via de um modo muito cruel, me achava horrível, gorda, feia. Carregava o peso de uma tristeza, lá no meu íntimo, sempre encoberta por um sorrisinho sem vontade. Não tinha uma visão de futuro, pois me sentia derrotada. Então, ter aquela pessoa escrevendo “te amo”, falando coisas que desejava tanto ouvir, ter a atenção e sentir que era importante pra alguém, foi enchendo meu coração de calor, me deixando enamorada, encantada. Talvez essa seja a palavra perfeita, vivia sobre encantamento. Mesmo sabendo que aquilo tudo não era pra mim, mesmo sabendo que jamais passaria disso, até mesmo tentando lutar contra, acabei amando aquele rapaz. Naquele momento, não me importava nada disso. Era feliz pelo simples ato de ama- lo e só.
Por um ano e meio vivi uma vida de faz de conta, perdi minha identidade, deixei escapar o controle do racional. Isso afetou meu dia a dia. Como uma droga, fiquei viciada, dependente total daquela ilusão. Já não fazia meu trabalho direito, mal cumpria com minhas responsabilidades. Vivia uma idéia fixa, só pensava nisso, em estar em frente da tela do computador. Não consigo traduzir em palavras, tudo que eu sentia, no meio daquela loucura toda. Passava as madrugadas inteiras online. No outro dia, cedo tinha que trabalhar e não foram poucas as vezes, que me pegava cochilando. Vício é uma doença muito triste, pq a pessoa que é dependente não sente. Tive discussões terríveis em casa, com minha mãe, que tentava me mostrar as conseqüências disso tudo. Acontece que eu não aceitava, não conseguia ver nada disso.
Com o tempo passei a conhecer melhor o M., sua história e cada vez mais me apaixonava. Ele era tudo aquilo que sempre busquei encontrar. Mas aí, conforme ele ia despindo aquela máscara do fake, ia me desiludindo com minha própria história. O que eu tinha pra contar? O que tinha feito da minha vida? No meu ponto de vista, naquela época, me sentia um nada. Tinha vergonha daquela minha realidade, que me fazia sentir inferior a ele. Fazíamos parte de mundos diferentes. A verdade é que em outra situação, era bem provável que jamais nos encontrássemos. Ele tinha uma carreira, planos... Eu só queria viver no faz de conta, queria desesperadamente poder não acordar daquele sonho. Tudo que queria, era fugir daquela maldita realidade. Como não me aceitava e tinha muito medo de perde-lo, inventei outra história, tentei me encaixar de um modo que ele me aceitasse, que eu fizesse parte do “grupo”. Como fui boba, meu Deus!!! A mentira é uma coisa complicada, cria raízes, quando você vê está toda enrolada nela e chega um ponto que não tem mais como voltar atrás.
Logo após meu aniversário, em 2007, meu corpo começou a cobrar todo desleixo e essa tamanha falta de amor próprio. Nisso, minha saúde começou a dar sinal de que algo não ia bem. Foi uma coisa atrás da outra. Estava tão triste, tão deprimida, que encontrava meu porto seguro toda vez que podia fugir do mundo real. Naquele momento, esquecia de tudo, os problemas faziam parte de uma outra pessoa, não daquela Carol, que se mostrava no virtual.
No final do ano ele foi embora. Foi trabalhar no exterior. Quando me vi sem a companhia dele, fiquei perdida, era como se tivessem levado um pedaço do meu coração. Foram muitos dias e noites de choro. Foi difícil, muito difícil, assimilar e aceitar isso tudo. Tivemos pouco contato, depois que ele teve que partir. Por um tempo me sentia usada, pq assim como eu, o M. não tinha compromisso com ninguém, podendo estar muitas vezes presente. Nos encontrávamos todos os dias, umas seis horas no mínimo, sendo que nos finais de semana era bem mais que isso. Tínhamos interesses comuns, um precisava da companhia do outro. E quando ele não precisou mais de mim, simplesmente havia me descartado. Custei, mas aprendi que não é nada disso. Eu havia projetado nele algo que não poderia me dar. Sabia desde o início, que tudo tinha prazo pra acabar e seria injusto cobrar o contrário. Mas vai dizer isso a um coração em pedaços. É mais fácil culpar o outro e lamentar, não é? Mas tinha algo, que não me deixava em paz, pois ainda não tinha contado toda verdade e, nas poucas vezes que escrevia, seguia com as mentiras, que enganavam somente a mim mesma.
Noites mal dormidas, péssima alimentação, sedentarismo e um descontrole emocional, desencadearam um problema sério de saúde, enfrentado no meio deste ano. Pensei que não fosse me recuperar. Ter a sensação de ver a vida por um fio, nos faz repensar em tudo. Se eu tivesse oportunidade, de voltar no tempo, teria feito tudo diferente. Talvez nem tivesse embarcado nessa história de fake, pq o coração que tenho é um só e provavelmente não saberia separar as coisas, como acabou acontecendo. Se eu tivesse uma única chance, teria sido sincera, desde o princípio, contando quem realmente sou. E dane-se ser aceita ou não. Minha verdade é essa que tenho e não me faz melhor ou pior que ninguém. Me faz única e ao mesmo tempo tão igual. Acredito que, em resumo, somos apenas isso: iguais, tentando com desespero se destacar, chamar atenção de alguém, sentir que podemos fazer a diferença.
Enquanto fazia meu tratamento, recebi um email dele. Encarei como uma chance e, criando coragem, abri meu coração. No meio de tantas palavras soltas, consegui transparecer minha alma, meus medos e segredos, os sonhos perdidos e esperanças. Escrevi sem receio, contando tudo aquilo que, muitas vezes, me custa aceitar. Foi nosso ultimo contato. Tem certas coisas que não podem ser consertadas. Talvez tenha sido tarde demais, pra pedir desculpas.
O ano de 2008 foi bem difícil. Tive que encarar velhas verdades, alguns medos, redescobrir minha fé, encontrar perdido, em algum lugar qualquer, meu amor próprio. Tive que deixar partirem velhos fantasmas, aprender a deixar de amar... Olha, foi uma batalha diária, cansativa. Tinha dias que eu vencia e outros que o desânimo e a depressão me derrotavam. Tirei forças não sei de onde, mas consegui. Fiz terapia, ganhei colinho da mamãe, consolo na presença dos amigos, saí pra rua, vi gente, acordei pra vida.
O saldo desta história? Bom... Esse ano e meio, em que estive doente, ficou como uma lacuna, um espaço vazio, perdido no tempo. Era como se fosse uma telespectadora, assistindo a vida passar, sem o controle de nada. Sei que são dias irrecuperáveis, que poderiam ter tomado outro rumo qualquer. Vai saber, não é? Tento pesar na balança, as coisas boas e ruins, e nesse filtro ficar somente com as boas lembranças. De tudo que nos acontece tiramos uma lição. Esse tombo foi grande, porém me deixou mais forte, confiante. Hoje estou de bem comigo mesma. O resto... O resto é o resto. E a vida segue. Que venha o que tiver de vir, estarei pronta para o que for.
Sabe de uma coisa? Alguns meses atrás, parecia que isso não teria fim, que aquela dor não passaria, que a tristeza tinha feito morada por aqui... O problema parecia tão grande, insolucionável. O tempo passa, tudo passa... A vida pode não ser fácil, todos sabemos disso, mas não há nada que o tempo não cure, amenize.
Caroline
sábado, 1 de novembro de 2008
NADA SEI
Também não me encaixo, em nenhum dos quatros elementos, lá do post sobre o dia das bruxas.
Mas espero que me ajude, a paciência e a fé que tenho, de um dia poder ser um pouco de cada...
Temos que ser realista, visto que ninguém é perfeito. Mas todo mundo pode melhorar.
Achei o poema bonito... Uma utopia.
Agora se é possível ou não, fica por conta do tempo e dos nossos atos, não é?
“Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber...
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar... “
(Nada Sei - Kid Abelha)
Mas espero que me ajude, a paciência e a fé que tenho, de um dia poder ser um pouco de cada...
Temos que ser realista, visto que ninguém é perfeito. Mas todo mundo pode melhorar.
Achei o poema bonito... Uma utopia.
Agora se é possível ou não, fica por conta do tempo e dos nossos atos, não é?
“Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber...
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar... “
(Nada Sei - Kid Abelha)
O primeiro susto
Hoje vim contar mais uma história, sobre o Jhonynho. Ô gato pra nos dar sustos. Das setes vidas, que ele tinha de crédito, só restaram duas. Ainda contarei cada tombo, cada vez que esse danado quase nos matou de susto, cada traquinagem, deste “anjinho” da família.
Um dia, estávamos eu e a mãe, na sacada de casa, olhando o movimento. Lembro que era um dia frio, em pleno inverno gaúcho e qdo aparece um solzinho, aproveitamos pra tirar o mofo. O Jhonynho também adora pegar sol, fica revirando o corpinho, no piso quente. E eles ficam com um cheirinho tão bom, não é? Adoro afundar meu nariz naquela barriga quentinha, sentir o cheiro gostoso, da pancinha morninha. Quem tem gato, sabe como é... Ou será que eu e minha mana somos as únicas malucas, que gostam de fazer isso??
Na sacada tem uma muretinha, depois de se “refestelar” no chão, pulava e ficava olhando os carros e as pessoas. Neste dia, ele havia feito o de sempre: ouvia o barulho da porta e já corria pra juntinho de nós. Ficava mamãe e eu, debruçadas no pára-peito e ele na mureta. De repente, passa um vulto voando, que chama nossa atenção. As palavras da minha mãe foram exatamente essas:
- Olha Caroline... Um gatinho...
Como se fosse em câmera lenta, acompanhamos aquele ser voador não identificado, caindo em direção ao chão, três andares abaixo. Até então, não havia caído a ficha. Compartilhávamos uma diarréia mental. Ainda respondi:
- É mesmo... Um gatinho...
Acordamos com o baque, feito pelo choque do corpo com o piso. Foi aí que nos demos conta, que o gato alado atendia pelo nome de Jhonatas. Foi um susto tão grande, que mal conseguia falar ou mover meu corpo, pra fazer alguma coisa. Esta não foi a primeira vez, mas já tiveram outras situações assim, das quais não consigo se quer raciocinar, tomar uma atitude. A tensão e o nervosismo me congelam, paralisam. Sou irremediavelmente uma pessoa apática, em situações de estresse extremos. Deus queira que ninguém dependa de mim, nessas horas... hehehe
No pátio aqui do edifício, tem um pequeno canteiro, com uma elevada feita de tijolos. Meu gatinho caiu bem ali. Caiu de mal jeito, pois bateu com o canto da boca e o nariz, bem nessa borda do canteiro. Depois ficou encolhidinho, muito assustado, soltou um miado baixinho, quase imperceptível. Ele olhou pra cima, onde eu estava... Quando vi o medo, naquela carinha sujinha de sangue, parecia que meu coração tinha parado, mal conseguia respirar. Mamãe deve ter voado, escada abaixo, pq logo em seguida apareceu ao lado dele, que feito bebê, se aninhou no colinho, todo molinho... Que dó!! Coração que ama sofre, meu Deus... Sei que foi uma correria, um choradeira, o medo de perde-lo, um misto de sensações, tudo a caminho pra veterinária. Depois vieram os curativos, comidinhas pastosas, revezamento noturno pros cuidados com o bebezinho da casa e muito, ainda mais mimos, pra um gato baldoso demais.
Esse foi o primeiro tombo, de muitos. Foi aí que iniciaram meus cabelos brancos, de tantos outros. Até hoje não sabemos como ele caiu. A veterinária nos explicou que, em alguns casos, os gatinhos pegam no sono e uma mexidinha, dada meio que no susto, pois esquecem onde estão, é o suficiente pra levar a esses acidentes. As vezes, um pássaro “kamikase”, passa muito próximo e eles se desequilibram, tentando caçar. Ou, até mesmo, um salto mal calculado e está feito o estrago. Só sei que o Jhonynho é muito tapadinho, repetindo a “mancada” outras quatro vezes. Ninguém merece.
Bom, parte da culpa (grande parte) é nossa. Pq desde pequeno foi castrado e virou gatinho de madame. O coitado, nem caçar sabe. É um eterno bebezão. Aquilo de instinto animal, aquela coisa meio selvagem, não chegou a desenvolver. Pois, a cada miadinha, tem três mulheres babonas, prontas pra atender todas as vontades, do reizinho da casa.
E ele, que não é bobo, pinta e borda.
Um dia, estávamos eu e a mãe, na sacada de casa, olhando o movimento. Lembro que era um dia frio, em pleno inverno gaúcho e qdo aparece um solzinho, aproveitamos pra tirar o mofo. O Jhonynho também adora pegar sol, fica revirando o corpinho, no piso quente. E eles ficam com um cheirinho tão bom, não é? Adoro afundar meu nariz naquela barriga quentinha, sentir o cheiro gostoso, da pancinha morninha. Quem tem gato, sabe como é... Ou será que eu e minha mana somos as únicas malucas, que gostam de fazer isso??
Na sacada tem uma muretinha, depois de se “refestelar” no chão, pulava e ficava olhando os carros e as pessoas. Neste dia, ele havia feito o de sempre: ouvia o barulho da porta e já corria pra juntinho de nós. Ficava mamãe e eu, debruçadas no pára-peito e ele na mureta. De repente, passa um vulto voando, que chama nossa atenção. As palavras da minha mãe foram exatamente essas:
- Olha Caroline... Um gatinho...
Como se fosse em câmera lenta, acompanhamos aquele ser voador não identificado, caindo em direção ao chão, três andares abaixo. Até então, não havia caído a ficha. Compartilhávamos uma diarréia mental. Ainda respondi:
- É mesmo... Um gatinho...
Acordamos com o baque, feito pelo choque do corpo com o piso. Foi aí que nos demos conta, que o gato alado atendia pelo nome de Jhonatas. Foi um susto tão grande, que mal conseguia falar ou mover meu corpo, pra fazer alguma coisa. Esta não foi a primeira vez, mas já tiveram outras situações assim, das quais não consigo se quer raciocinar, tomar uma atitude. A tensão e o nervosismo me congelam, paralisam. Sou irremediavelmente uma pessoa apática, em situações de estresse extremos. Deus queira que ninguém dependa de mim, nessas horas... hehehe
No pátio aqui do edifício, tem um pequeno canteiro, com uma elevada feita de tijolos. Meu gatinho caiu bem ali. Caiu de mal jeito, pois bateu com o canto da boca e o nariz, bem nessa borda do canteiro. Depois ficou encolhidinho, muito assustado, soltou um miado baixinho, quase imperceptível. Ele olhou pra cima, onde eu estava... Quando vi o medo, naquela carinha sujinha de sangue, parecia que meu coração tinha parado, mal conseguia respirar. Mamãe deve ter voado, escada abaixo, pq logo em seguida apareceu ao lado dele, que feito bebê, se aninhou no colinho, todo molinho... Que dó!! Coração que ama sofre, meu Deus... Sei que foi uma correria, um choradeira, o medo de perde-lo, um misto de sensações, tudo a caminho pra veterinária. Depois vieram os curativos, comidinhas pastosas, revezamento noturno pros cuidados com o bebezinho da casa e muito, ainda mais mimos, pra um gato baldoso demais.
Esse foi o primeiro tombo, de muitos. Foi aí que iniciaram meus cabelos brancos, de tantos outros. Até hoje não sabemos como ele caiu. A veterinária nos explicou que, em alguns casos, os gatinhos pegam no sono e uma mexidinha, dada meio que no susto, pois esquecem onde estão, é o suficiente pra levar a esses acidentes. As vezes, um pássaro “kamikase”, passa muito próximo e eles se desequilibram, tentando caçar. Ou, até mesmo, um salto mal calculado e está feito o estrago. Só sei que o Jhonynho é muito tapadinho, repetindo a “mancada” outras quatro vezes. Ninguém merece.
Bom, parte da culpa (grande parte) é nossa. Pq desde pequeno foi castrado e virou gatinho de madame. O coitado, nem caçar sabe. É um eterno bebezão. Aquilo de instinto animal, aquela coisa meio selvagem, não chegou a desenvolver. Pois, a cada miadinha, tem três mulheres babonas, prontas pra atender todas as vontades, do reizinho da casa.
E ele, que não é bobo, pinta e borda.