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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Um sonho... Um reencontro.


O que é a liberdade?
Já voei um dia. Não foi de avião, asa delta, para- quedas, ou qualquer coisa assim. Voei de verdade, flutuei no ar e isso foi a sensação mais próxima do que defino por liberdade. Posso sentir de novo...

Estou com muito medo. Primeiro tenho receio de tentar e não conseguir. Existe uma pessoa ao meu lado... Não! É uma voz, que eu ouço, ou melhor, sinto, dentro de mim. No íntimo, sei que dará tudo certo, porém meu coração acelerou, acho que minhas mãos suam frio, pelo momento que está por vir...

Estou em um lugar aberto, um campo. Nunca estive aqui, não me é familiar. Tem flores, muitas delas. Posso sentir o perfume, tão suave, tão gostoso. Uma brisa paira no ar. Caminho devagar. Ao mesmo tempo que desejo começar logo, quero curtir cada pedacinho deste lugar. Como se gravasse em minha memória, quero guardar essa imagem pra sempre. Não tenho pressa. Dá impressão que o tempo parou. Naquele momento havia parado, sei disso...

Depois, só consigo lembrar da sensação. De quando dei um leve impulso, meio sem jeito e comecei a subir, subir... Nossa! Me Deus! Impossível traduzir essas lembranças em palavras, impossível... Poucas foram as vezes que senti meu coração transbordar de felicidade, como naquela hora. Engraçado, lembrei de algum momento da minha infância. Como quando mamãe voltava do trabalho e estendia os braços, agachada no chão. Corríamos até ela. Aquele abraço da minha mãe tem o mesmo efeito, o mesmo poder....

Naquele hora, não sentia o peso do corpo ou a pressão da gravidade. Foram por água abaixo, aulas de física, a tempos já esquecidas. Flutuava bem devagar, experimentando a sensação do vento no rosto. Tenho a impressão de não haver mais fronteiras, o mundo é meu limite. Feito criança, com brinquedo novo, não sei o que fazer primeiro... Nado no ar e rio. Um riso solto e despreocupado, como se aquela coisa tão boba, fosse a melhor coisa do mundo. Juntaram -se a mim algumas pessoas, que sorriem. Não é nada espalhafatoso, são gestos de uma extrema suavidade, doces, ternos. Sinto que conheço essa gente, são tão familiares. Posso sentir no coração, esta alegria em reencontra- los. Mas como isso, se jamais os tinha visto?

A única que fala comigo é uma senhora. É tão linda! Não essa beleza a que estamos acostumados, pela qual fazemos parâmetros. É algo que vem de dentro, uma luz, energia pura. Ela aquece minha alma, enquanto passeamos juntas, feito anjos, voando nesta imensidão azul. Hoje já não lembro mais das palavras, e sinto muito por isso. Cada vez mais, ficam vagas as lembranças, com pontos falhos, imagens cortadas.

Desde que a vi, sabia que era minha vovó querida, a pessoa que tanto amei nesta vida. Sinto pelo toque de suas mãos e pelo olhar. Está mais jovem, como nunca cheguei a vê- la. Mas aqueles olhos eram os mesmos... Não lembro se falei alguma coisa, não lembro... Chorei. Isso sei que fiz. Depois de tanto tempo, depois de tudo, tinha minha vó amada comigo, mais uma vez.

Agora estou em outro lugar... Parece o alto de uma colina. Tudo é tão limpo e claro. O céu mais azul que já vi na vida. Tem uns pilares brancos, bem altos, onde pessoas com roupas claras descansam. A temperatura é tão amena, é tão fresquinho aqui. Um raio de sol, bem suave, bate em meu rosto. Por um momento, fecho os olhos, suspirando... De repente, volto a realidade. Sinto muito medo. Será que morri? Penso na minha mãe, minha mana, nossa casa. Fico inquieta, dizendo que quero voltar, pedindo por elas. Uma dor no peito, antecede um choro sofrido... Um registro intacto, tão vivo, ainda resiste ao tempo. O rosto da minha vózinha, falando que ficaria tudo bem.

Como se passasse um segundo, sinto meu espírito voltando, enquanto vai encaixando pouco a pouco, no corpo deitado a cama. Abro os olhos e mal consigo raciocinar. Sinto muito medo. Escapa um soluço e outro. Meu peito segue dolorido, assim como as lágrimas que escorrem dos olhos. Corro até a cama da mamãe e deito junto dela. Ela acorda assustada, comigo agarrada. Pergunta se foi um pesadelo, respondo com a cabeça que sim, sem querer falar nada naquele momento. Recebo um beijo na testa, carinho. Fico ali, abraçadinha, sentindo meu coração desacelerar de mansinho...

Isso aconteceu há uns 10 anos atrás. Algumas pessoas verão como apenas mais um sonho, outras podem achar uma história qualquer, tão fantasiosa como outras tantas. Acontece que sei que foi real. Foi o primeiro e único encontro que tive com a vovó, através de nossas almas. Isso em sonho, pq ela está presente sempre que preciso. Sabe como percebo? Através do perfume. Aquele mesmo das flores, de quando fui encontra- la, no plano astral. Sempre que minha vó vem nos ver, sentimos o perfume aqui em casa. Então, basta recebe- la com o coração. E como ela disse: “Fica tudo bem.” Assim, abriam as portas pra minha sensibilidade, pro mundo invisível aos olhos. Foi através deste sonho, que encontrei meu caminho espiritual.

Agora que parei pra pensar, notei que há tempos minha alma não se deixa voar por aí... Há tempos que não recordo meus sonhos, assim que desperto. Preciso relaxar mais, me reencontrar...
Queria poder voar, mais uma vez....

Caroline

7 comentários:

Apenas isso... disse...

Q coisa mais liinda !!!
"Queria poder voar..."

BJãoo carol

Anônimo disse...

Também já senti isso, várias vezes. Pena que, assim como você descreveu, não depende só da gente lembrar.

Beijos

Enfil

Olavo disse...

Bom dia Carol..
Que maravilha poder voltar ao plano astral e reencontrar os nossos..é realmente uma sensação inexplicavel..vc conseguiu passar bem o que viveu..
Beijos

J. MD disse...

Primeiramente, imaginei claramente como se eu estivesse em seu lugar. Voando, ao encontro de quem mais nos devota amor.

Segundo, talvez lhe deva desculpas pela interpretação exagerada no ultimo post. Eu começo a imaginar e ao invés de exercer uma opinião sobre o que acontece na vida de quem escreve, exponho aquilo que me parece mais conveniente sobre a minha vida.


beijo.

disse...

Linda descrição.
Essa semana recebi uma visita em sonho, e um abraço beeeem apertado.
Foi ótimo, consegui não levar tão a sério os problemas.

ah...
O post do paper toy do kiss, eu o atualizei com os links! bjs.

Welker disse...

Deve ser legal poder voar... só o acidente aéreo que seria feio, mas... :T

jhulyjohns disse...

Essa sensação de encontrar pessoas queridas que já foram é tão boa... Mas ao mesmo tempo da uma angústia!

Tem mais alguém aqui?