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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dia de Faxina - Rosy Beltrão



Estava precisando fazer uma faxina em mim…
e fiz: abrindo o armário.
Assim como jogar alguns pensamentos
indesejados fora, lavar algumas essências
que andam meio que enferrujadas,
pois já não brilhavam.
Tirei do fundo das gavetas lembranças
que não uso e não quero mais.
Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões.
Papéis de presente que nunca usei,
sorrisos que nunca darei,
joguei fora a raiva e o rancor
das flores murchas que estavam
dentro de um livro que não li.
Olhei para meus sorrisos futuros
e minhas alegrias pretendidas,
e as coloquei num cantinho ,
bem arrumadinhas.
Fiquei sem paciência,
tirei tudo de dentro do armário
e fui jogando no chão:
paixões escondidas,
desejos reprimidos,
palavras horríveis que nunca queria ter dito,
mágoas de um amigo,
lembranças de um dia triste,
mas havia lá, outras coisas e belas!!!
Um passarinho cantando na minha janela…
aquela lua cor de prata que vi na praia,
o por do sol nas montanhas…
Fui me encantando e me distraindo;
olhando para cada uma daquelas lembranças.
Sentei no chão, para poder fazer minhas escolhas.
Joguei direto no saco de lixo
os restos de um amor que me magoou.
Peguei as palavras de raiva e de dor
que estavam na prateleira de cima,
pois quase não as uso,
também joguei fora no mesmo instante!
Outras coisas que ainda me magoam,
coloquei num canto para depois
ver o que faria com elas.
Se as esquecia lá mesmo
ou se mandava para o lixão.
Aí, fui naquele cantinho, bem naquela gaveta
que a gente guarda tudo o que é mais importante:
o amor, a alegria, os sorrisos,
um dedinho de fé para os momentos
que mais precisamos,
e sabe o que descobri ?
Que tinha um jóia lá, toda embrulhadinha,
tão rara e preciosa,
talvez o maior bem que possua.
Eu não a usava há muito tempo.
Nem sabia que a tinha mais,
tinha me esquecido.
Mas, ela estava lá
e quando eu a olhei,
ela brilhou para mim,
como sempre o fizera;
Peguei-a entre os dedos e fiquei apreciando.
Assim, embevecida e encantada.
Cuidei dela com muito carinho,
despejei meu amor por entre suas frestas
e não deixei de usá-la mais.
Agora mesmo eu a estou usando
para falar com você.
Pode saber o que é?
Sim, amigo, é minha arte de escrever.
De brincar com o teclado e com o jogo
de letras que se fazem visíveis no
meu pensamento mesmo antes dos dedos
tocarem o teclado, mas, que às vezes,
parece que são mais rápidos
que do que ele e posso me divertir mais assim.
E com uma simples frase,
escrever uma história inteira.
Em dia de faxina,
sempre fica tudo uma bagunça incrível,
desorganizamos tudo,
para colocar em ordem depois
mas, melhor é desorganizar a ordem.
porque fica tudo certinho.
Bem, assim …mais fácil para mim.
Recolhi com carinho o amor encontrado,
dobrei direitinho os desejos,
coloquei perfume na esperança,
passei um paninho na prateleira das minhas meta, deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.
Coloquei nas prateleiras de baixo
algumas lembranças da infância,
na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurado bem à minha frente,
coloquei o meu amor,
pois eu o uso a todo instante,
mantenho-o sob meu olhar de paixão incontida, banho-o todos os dias com ternura,
dou-lhe atenção de menina,
durmo com ele, bem juntinho, ao meu lado, e encho-o de beijinhos
E ele? Bem, … ele retribui.

5 comentários:

Fernanda Magalhães disse...

Nossa Carol! Que texto lindo! Completo...

Faxina é sempre bom.

Beijos!

Olavo disse...

Ah adorei..tambem andei fazendo uma faxina aqui rs

Blog de cara nova..ficou otimo..lindo mesmo

Carol!!beijão

Lilith disse...

Gentems, que texto ma-ra-vi-lho-so

Eu sou totalmente à favor de faxinas na alma. Só não faço faxina em casa, mas na alma, faço direto! Eu tenho mania de arrumação! kkkkk

Bj imenso

Olavo disse...

tem um meme lá no blog para vc..fique a vontade se não quiser responder ok?
beijão

Welker disse...

Por acaso odeio faxina... viver na sujeira pode ser a coisa mais interessante e satisfatória que um ser humano poderia fazer.

Vale lembrar que estamos falando de mente, certo? :T

Tem mais alguém aqui?