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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Mais um pouquinho de mim...


Brinquei de boneca até os 14 anos. Até então, esperava o conto de fada, acreditava no príncipe encantado e no felizes para sempre. Foi bem nessa época que descobri que a vida a dois vai bem além de flores e pássaros verdes, cantando ao fundo. Foi bem com essa idade que vivi a separação dos meus pais. Esse início de “pré- aborrecência” foi bem traumático, marcado por traição, brigas, muita mágoa e decepção. Depois de pouco tempo, meu pai se foi. Levou meu silêncio e desprezo, foi embora sem nunca mais termos nos falado. Isso custou muito caro. Lembro somente de sentir uma tristeza sem fim, desespero, raiva, desânimo, arrependimento e por fim sentia impotência, perante a vontade de Deus. Me sentia fraca, pra lutar contra o que fosse. Uma desilusão, pelo que a vida tinha guardado pra mim e que não me permitia olhar pra frente. Vivia por viver, nada mais.

Fiz terapia. Mas foi imprencidível, o apoio da minha família e amigos, pra que eu saísse do fundo do poço. Com tudo, ficaram algumas marcas, cicatrizes, muitas vezes escondidas, mas que as vezes ainda doem... E nem sempre só em dias chuvosos. Sou uma barreira, praticamente intransponível, quando o assunto é coração. Relacionamentos pra mim, são o mesmo que sofrer. Essa é a realidade do meu subconsciente, que se arma de tudo que é jeito, tentando me afastar dar dor que é amar. Aí entra meu consciente, tomado de restígios, daquela menininha sonhadora, que nutre esperança por um amor de soneto.

Meu primeiro namoro aconteceu por acaso. Nunca fui de sair. Sou caseira mesmo e não troco o dia pela noite. Mamãe sempre mexia comigo, que desse jeito o tal “encantado” teria que vir bater em nossa porta. Algum entregador, carteiro, algo assim... Não foi bem isso, mas fui conhecer meu namorado no meu primeiro emprego, éramos colegas. Custei muito a perceber que ele queria algo comigo e feita a revelação, enrolei mais um tempinho pra aceitar, pq não pretendia me envolver com ninguém. Acontece que o Antônio é daquele tipo de homem que toda mãe sonha como genro, sabe? Daquele tipo que nem existe mais, á moda antiga. Era um pouco mais velho que eu, com meus 20 anos. Aos poucos foi me conquistando e me vi envolvida, encontrara nele tudo que havia sonhado, uma certa vez. Me sentia uma princesa. Sentia tudo, menos amor da minha parte. Não tinha se quer aquela paixão, aquela coisa de pele. Não, nada disso! Eu vivia um constante encantamento, porém, na contramão disso, sentia um vazio enorme, era tudo morno.

Um dia, conversando com uma amiga, ela sugeriu que eu tentasse. Falou que aprender a amar era muito mais fácil que deixar de amar alguém. E foi isso que fiz, por 2 anos da minha vida, vivi me enganando. Tentava com todas minhas forças encontrar algum sinal, algo que me dissesse que estava nascendo o tal “ amor”. Onde estavam as borboletas no estômago? Onde estava o coração acelerado? Enfim, nada acontecia. Custei muito a terminar com isso tudo. Primeiro pq sempre tem o lado “ vou pensar em mim”, pura vaidade, egoísmo, confesso. Me sentir amada daquele jeito, era mil vezes melhor que sentir solidão ou desprezo. Segundo, pq não queria encarar a real, ter que magoa- lo ao dizer a verdade. Quem visse de fora, acharia que era um mar de rosas, mas como diz a música: “Cada um sabe a alegria. E a dor que traz no coração...”. Não sei se encontrarei nessa vida outro homem que me ame tanto qto ele amou. Tanto, que por algumas vezes, chegou a esquecer do amor próprio. Só que qdo as coisas chegaram a esse nível, tomei coragem e decidi que não era justo continuarmos assim. Era hora de deixa- lo seguir e retomar minha estrada também. É incrível como perdemos a admiração e o respeito por alguém que não se valoriza. Como num velha verdade, que sempre me diziam: “ pra alguém nos amar, temos que nos amar primeiro”.

Estava tudo sempre certo, tudo sempre bom. Queria fogo, emoção... Aí cansei. A essa altura, achava que o problema era comigo, por não conseguir corresponder tudo aquilo que ele me oferecia. Me sentia um monstro, fria, com uma cabeça cheia de minhocas e uma dona mais problemática ainda. Maldizia minha referência masculina, pela decepção que tinha virado o maior herói que uma menina pode ter, o pai... Decidi que era melhor tentar a sorte no jogo, pois pro amor tava complicado. O que aprendi com isso tudo? É que meu sexo “frágil” é BURRO também. Qdo estamos carente e alguém aparece pra suprir isso, a cabeça nem pensa direito. Aí a vaca vai pro brejo mesmo... Mulheres... No fim abri mão de vivenciar emoções, a troco do medo de me machucar e foi exatamente isso que fiz. Então, vale a pena tentar sempre. Pq se a gente cair, teremos que aprender a levantar e assim é a vida. Medo é ATRASO e viver é DESAFIO. O meu maior desafio, é aprender que não somos espelhos do que acontece ao nosso redor. É acreditar de verdade, que pode até existir o “felizes para sempre”, mas as alegrias e tristezas do dia a dia, é que vão construindo o “ eterno enquanto dure”. Não se pode é desistir de tentar... Aprendi a me cobrar menos e aceitar o que tem guardado pra mim.
A verdade é que ter aquele alguém pra chamar de “meu”, nunca foi prioridade na minha vida. Até pelo contrário, por várias vezes me escondo, auto- preservando meu coração. Mas as coisas acontecem, mesmo sem que façamos planos. A vida age por conta. E foi assim que conheci uma outra forma de amor.

Sobre isso, conto outro dia...

3 comentários:

Vera Vilela disse...

Minha querida, ainda acho que amar vale a pena, seja por um dia, por um mês, um ano. O amor nos engrandece, mas lágrimas virão sempre, infelizmente.
A vida é assim e se fosse diferente talvez fosse muito chata.
Já vivi muitos amores, já chorei muito, já me recuperei e vou vivendo. Não procuro mais um grande amor, nem sei se virá, mas se chegar estarei aqui e embarco novamente, sempre dando uma chance a mais pra vida.
Nós, mulheres, sofremos muito com o amor, porque o que a gente mais quer é alguém que ame como a gente, mas não sei se isso existe.
Só posso te dizer, com minha idade e experiência, que amar é bom, nos faz muito bem sempre.
Beijão pra você!

Welker disse...

A questão da barreira é um tanto semântica... por um lado, você se protege de qualquer um que, mesmo acidentalmente, venha a te ferir. Mas é preciso aprender a conviver com a solidão e/ou com o fato de ninguém, somente você mesma, te entender.

É o tipo de decisão que se leva anos para se tomar. Ao menos você tem o Júlio pra te ajudar ;D

jhulyjohns disse...

Wow!
Parecia que eu estava lendo um livro que arrancaram o resto das páginas! Conta mais histórias!!!

Tem mais alguém aqui?